São Paulo, sexta-feira, 8 de março de 1996
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Taxas ainda são muito altas

FÁTIMA FERNANDES; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Não conheço um país no mundo que cobre juros reais maiores do que 25% ao ano. No Brasil, o comércio cobra juros até 300% acima da inflação. Isto é um absurdo."
A afirmação é de Charles Holland, presidente da Anefac, que reúne executivos de finanças.
Uma taxa de 6% ao mês, diz ele, anunciada como baixa pelos lojistas, chega a 101% se anualizada. "O consumidor não deve pagar juros maiores do que 25% ao ano."
Para Holland, as taxas de juros são altas no país porque não há punição para os maus pagadores.
"Se houvesse punição, o risco seria menor e, consequentemente, também seria menor o juro."
Na sua análise, quem aceita pagar juros "exorbitantes compactua com a bagunça que está aí."
Holland acha que os maus pagadores -"que representam cerca de 10% dos consumidores"- prejudicam os bons clientes.
Natale Dalla Vecchia, sócio da Lojas Cem, diz que a inadimplência alta faz com a loja embuta esse risco nas taxas de juros.
Mas ele lembra que o fato de o governo do Estado de São Paulo estar cobrando 18% de imposto (ICMS) sobre a venda a prazo também contribui para que a taxa permaneça em um patamar elevado.
Se não houvesse esses encargos, diz, a sua loja poderia cobrar, no máximo, 5% ao mês. Hoje os juros são de até 8% ao mês.
(FF e MCh)

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