São Paulo, sexta-feira, 8 de março de 1996
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GANHOS DO REAL

O reverso do ganho que a estabilização da moeda proporcionou ao poder de compra da população de mais baixa de renda do país é a redução das margens de várias empresas. Enquanto a inflação baixa obtida com o Real praticamente deixou de corroer os salários ao longo de cada mês, a intensa competição dos importados limitou o repasse de custos por parte das indústrias de muitos setores.
Está cada vez mais claro que essa situação veio para ficar. Serão expulsos do mercado os que não se adaptarem, com ganhos de produtividade, a essa nova realidade. Não se trata apenas de um movimento passageiro decorrente da desaceleração do ritmo de crescimento. O ambiente econômico no Brasil mudou profundamente.
As taxas surpreendentemente baixas de inflação verificadas nas últimas semanas indicam que também o fôlego dos preços não-sujeitos à concorrência externa está-se esgotando. Tendo liderado os aumentos desde a introdução da nova moeda, itens como serviços e aluguéis atingiram um novo e mais elevado patamar, mas essa mudança de preços relativos dá mostras de estar chegando ao fim.
Do ponto de vista estritamente econômico, estão ocorrendo no setor privado nacional alterações de alcance talvez ainda subestimados. É bem verdade que o desemprego aflige, o déficit público ameaça, e as brutais taxas de juros ainda abatem consumidores e empresas que seriam viáveis em outra situação. Mas não se deve perder de vista que, em meio ao tiroteio, os benefícios que a estabilização trouxe para população de baixa renda se mantêm.

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