São Paulo, sábado, 9 de março de 1996 |
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BC denuncia banco ao Ministério Público
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O Banco Central enviou ao Ministério Público de São Paulo notícia-crime contra o BMD (Banco Mercantil de Descontos), por suspeita de manipulação do patrimônio no balanço com objetivo de superestimar o lucro.O diretor-geral do banco, Roberto Rodrigues de Almeida, negou ontem qualquer fraude. "Lá no banco não tem Clarimundo Sant'Anna", disse, referindo-se ao contador do Banco Nacional acusado de fraudar balanços (leia texto abaixo). A notícia-crime foi enviada pelo BC em 3 de janeiro e recebida pelo Ministério Público no dia 8 do mesmo mês. O ofício do BC tem o número 96-012. As informações foram dadas pelo procurador-adjunto do Departamento Jurídico do BC, Manoel Loiola, no final da tarde de ontem. Loiola pediu aos jornalistas que seu nome fosse omitido. O procurador-adjunto do BC havia concedido entrevista coletiva no início da tarde para divulgar o balanço das notícias-crime enviadas ao Ministério Público em 96. Durante a entrevista, Loiola mencionou haver um "bancão" entre os 12 bancos denunciados à Procuradoria. A informação foi veiculada ao mercado pelas agências de notícias. Houve nervosismo no mercado, que não sabia de que banco se tratava. Loiola procurou novamente os jornalistas, e negou haver o tal "bancão". Sob a condição de anonimato, concordou em revelar o nome do banco a que se referia. Segundo o cadastro do BC, o BMD é um banco de médio porte. Possui 33 agências e opera em quatro capitais -São Paulo, onde está sediado, Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba. O BMD é o segundo maior banco a ser vítima de denúncia do BC à Procuradoria em 1996. O primeiro é o Banco Econômico. O conteúdo da notícia-crime contra o BC surgiu de investigações da área de fiscalização do BC, que incluiu operações do banco em uma das averiguações aleatórias feitas a cada semestre. Excluídos os documentos sobre o Banco Econômico e a pasta rosa, foram enviados 138 casos à Procuradoria. A grande maioria dos casos -106- se refere a operações de crédito rural. Há 12 notícias-crime contra bancos, sendo que sete se devem a empréstimos para empresas coligadas. Tais operações são proibidas pela Lei do Colarinho Branco, que define crimes contra o sistema financeiro. O Ministério Público receberá até a próxima terça-feira as primeiras notícias-crime contra o Banco Nacional, informou o BC. O BC investiga 652 empréstimos feitos pelo Nacional a empresas de pequeno porte e pessoas físicas, conforme disquete revelado pela Folha no domingo passado. Texto Anterior: Presidente da Funai pede demissão Próximo Texto: Dívida liquidada em 95 surge 30 vezes maior em disquete Índice |
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