São Paulo, sábado, 9 de março de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Atentado foi feito por vingança, diz PF

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A PF (Polícia Federal) divulgou ontem supostas provas contra o contínuo do Itamaraty Nelson da Silva Leonel, 36, preso anteontem sob a acusação de ser o autor do livro-bomba que explodiu no dia 3 de outubro e que feriu a diplomata Andréia David.
A polícia investiga ainda a hipótese de que uma mulher, cujo nome não foi revelado, tenha ajudado Leonel no atentado. Ela também seria funcionária do Itamaraty.
O delegado Alberto Lasserre disse que o atentado foi motivado por vingança. Leonel teria tentado se vingar da diplomata por ela ter instaurado inquérito para apurar furto de material fotográfico na Assessoria de Imprensa do Itamaraty.
Apesar de ter sido empregado na função de marceneiro, o acusado trabalhou em 92 e 93 como fotógrafo na assessoria, sob a chefia da diplomata. Ele hoje é contínuo no Departamento das Américas.
Segundo Lasserre, a principal prova foi a impressão digital do dedo indicador da mão esquerda do acusado, que coincide com a encontrada nos destroços da bomba -um livro de direito, uma revista de armas e pedaços de jornal.
"Houve coincidência em mais de 22 pontos entre as impressões, o que obedece ao padrão internacional exigido pela investigação científica", disse o delegado.
Outra prova apontada foi a impressão da palma da mão direita de Leonel encontrada em uma carta que ele teria enviado no dia 10 de outubro à Rede Globo, em Brasília, assumindo a autoria do atentado.
Segundo ele, as impressões dos destroços e das cartas foram identificadas em laboratórios do FBI, a polícia federal norte-americana.
O delegado disse que os peritos do Instituto Nacional de Criminalística fizeram um trabalho minucioso junto às 11 mil fichas de impressões dos funcionários do Itamaraty. Cada uma das fichas apresenta dez impressões digitais.
"Eles descobriram quando já tinham examinado cerca de 8.000 das 11.000 fichas de impressão."
A coincidência das impressões foi reforçada com a descoberta de que o Departamento das Américas, onde o acusado trabalhava, recebeu um dos 64 exemplares enviados ao Brasil da revista norte-americana "Arms Control Today". Um exemplar da revista envolvia o livro no qual a bomba foi instalada.

Texto Anterior: Nova fiscalização poderá quebrar sigilo
Próximo Texto: Mulher não crê na acusação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.