São Paulo, sábado, 9 de março de 1996
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Novo disco do Sepultura invade paradas européias

Max Cavalera diz que banda quer se apresentar no Brasil logo

CÉLIA ALMUDENA
DA REPORTAGEM LOCAL

A banda Sepultura já colocou à prova seu sexto trabalho, "Roots", lançado há cerca de duas semanas.
Uma turnê de 13 shows na Europa, batizada de "Terrorist Dates", apresentou algumas músicas do novo disco, além de material dos discos anteriores.
"O disco é pretensioso. Mas chegou na hora certa. Existe uma carência no mundo do rock pesado por coisas novas, porque está tudo soando muito igual. Acho que reinventamos o estilo pesado misturando com as coisas brasileiras. Sem querer inventamos um estilo novo", diz Max Cavalera, líder, vocalista e guitarrista do grupo.
A banda também se surpreendeu com a repercussão de "Roots" na primeira semana de vendas. O disco entrou de cara nas primeiras posições das paradas de sucesso, fato raro para bandas de rock pesado.
"É assustador porque não esperávamos que o disco fosse tão bem recebido. Na Inglaterra, por exemplo, o disco está em quarto lugar na parada nacional, na França acho que é o quinto. Isso nunca aconteceu com o Sepultura, a gente sempre entrava em 50º e achávamos legal. Agora não, estamos competindo com Oasis, Mariah Carey, coisas superpop", diz Max.
Nos shows da turnê européia, uma das surpresas para o público foi o uso do berimbau, na música "Attitude", tocado por Max.
"A turnê foi uma loucura. Em alguns lugares tivemos de ficar duas horas dando autógrafos depois dos shows", conta Max.
Trazer toda sonoridade percussiva do disco para as apresentações ao vivo é uma das principais preocupações do grupo.
"O berimbau eu toco, colocamos microfone dentro e alguns delays (pedais de efeito de eco) para fazer uma coisa diferente. O resto da percussão ainda estamos conversando pra ver se vamos trazer alguém de fora ou se nós mesmos vamos fazer", diz Max.
Além da presença de cantos de rituais xavantes, gravados na aldeia de Pimentel Barbosa, Mato Grosso, o disco traz a participação de Carlinhos Brown, Mike Patton (Faith No More), DJ Lethal (House of Pain) e Jonathan Davis (Korn).
"É interessante estar fazendo parte de uma frente que leva a música do Brasil, com seriedade, para o mundo", diz Carlinhos Brown.
Trazer o show de "Roots" para o Brasil é outra preocupação deles.
"Nossa prioridade total é tocar no Brasil. Infelizmente não é tão fácil como fazer shows nos EUA e na Europa. Queremos ter certeza de que o fã brasileiro vai ver o mesmo show que o fã americano. Não queremos fazer um show menor porque é no Brasil", explica Igor Cavalera, baterista do Sepultura.
O grupo lamenta que antes de ter qualquer data confirmada para shows no Brasil, a agenda deles já está ficando lotada. Em 13 de abril o Sepultura começa a excursionar pelos EUA e Canadá, abrindo cerca de 30 shows de Ozzy Osbourne. Além disso, já está confirmada a participação da banda em cerca de 20 festivais musicais na Europa.
"É a segunda vez que o Ozzy chama a gente. Ele disse que ouviu falar muito bem do disco novo e resolveu nos chamar", conta Max.

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