São Paulo, sábado, 9 de março de 1996
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BURAJIRU

Era uma terra distante, do outro lado do planeta. Mesmo assim, muitos tomaram coragem e se mudaram para lá. Enfrentaram trabalho pesado, às vezes apenas para sobreviver.
"Burajiru"'. Assim soava em japonês o nome da terra estranha e longínqua, Brasil. Com os anos, aquele lugar tornou-se menos inóspito. E para o Japão, "Burajiru" tornou-se também sinônimo de bons negócios.
O Brasil passou a abrigar levas de imigrantes até se tornar a maior comunidade de descendentes do mundo. Apesar da distância, o Brasil tornou-se fonte de matérias-primas.
Chegando ao auge no "milagre brasileiro", os investimentos japoneses deram mais complexidade às relações bilaterais.
Na "década perdida" esses laços também quase se perderam. Ao mesmo tempo, as economias do sudeste asiático ganhavam prioridade na agenda econômica e diplomática japonesa, fazendo com que o "Burajiru" parecesse ainda mais distante.
A missão do Keidanren (Federação das Indústrias do Japão) que visitou o Brasil há dias foi um importante marco para uma reversão no relacionamento centenário dos dois países.
A viagem do presidente Fernando Henrique Cardoso ao Japão deverá também contribuir para o reaquecimento de projetos comuns.
"Burajiru" hoje, no Japão, com certeza já não causa estranheza. Aliás, os nipo-brasileiros formam hoje uma das mais importantes comunidades de trabalhadores imigrantes no próprio Japão, para os quais ainda há muito por fazer em termos de atendimento seja por parte da diplomacia brasileira, seja por parte das autoridades do Japão.
O Brasil também não pode mais, nem deseja, limitar-se a ser fornecedor distante de matérias-primas.
Com uma agenda comum renovada e contatos empresariais crescentes, tudo faz crer que o Brasil e Japão caminham para uma nova era de parceria e diálogo político.

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