São Paulo, domingo, 10 de março de 1996 |
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Falta de diversão eleva risco de estresse
LUCIA MARTINS; BETINA BERNARDES
O problema afeta tanta gente hoje que "estressar" já virou sinônimo de pressionar ou coagir. A explicação para isso é simples: uma pessoas estressada ou coagida acelera a produção de adrenalina. Segundo Alexandrina, "momentos breves" de tensão não causam consequências sérias. O problema é quando o estresse é contínuo, criando um quadro que, na maior parte dos casos, une ansiedade e depressão e começa a produzir efeitos sobre o corpo. Os sintomas mais comuns são os seguintes: variações da pressão arterial, queda de cabelo, problemas gastrintestinais (úlceras e gastrites) e problemas na pele. Segundo Alexandrina, não existe nenhum estudo no Brasil que mostre quantas pessoas apresentam os sintomas desse problema, mas "certamente o número é grande". O Centro de Controle do Estresse, de Campinas (99 km de SP), realizou, em 1990, uma pesquisa no shopping Iguatemi (zona oeste) e constatou que cerca de 70% dos entrevistados apresentavam algum sintoma de estresse. "Não significa que eles estivessem estressados, mas em um bom caminho para isso", diz Marilda Novaes Lipp, diretora da clínica. A clínica recebe 70 pessoas por semana. A maioria dos pacientes é formada por executivos e profissionais liberais. A idade dos pacientes varia entre 30 e 40 anos. As causas mais comuns são as internas, isto é, as autocobranças. Segundo Marilda, uma pessoa ambiciosa, ativa, que trabalha muito e que tem muita autocrítica tem mais chance de ter um estresse. É definido como o tipo A (leia quadro ao lado). Para mostrar um dos efeitos que o estresse pode produzir, Marilda conta o caso de um executivo que a procurou e, de tão estressado, começou a questionar a sua própria competência. "Era claro que ele era competente, mas ele se cobrava tanto que até isso ele começou a questionar e começou a ter crises de depressão." O estresse também pode ser criado por fontes externas, como mudanças repentinas na vida, acidentes ou morte de algum parente. Em geral, quando chegam a procurar ajuda especializada, os estressados já passaram por algum outro médico. Segundo Alexandrina, a maioria de seus pacientes com estresse foram encaminhados por outros médicos. "Normalmente, o estressado chega ao instituto por indicação de outro médico. O doente não sabe que tem o problema, mas começa a sentir os sintomas." Ela cita um exemplo: uma pessoa começa a ter insônia, problemas no estômago, queda de cabelo e decide procurar um clínico. Lá, descobre que está estressada. LUCIA MARTINS e BETINA BERNARDES Texto Anterior: Paulistano dorme menos que precisa Próximo Texto: 'Comecei a fumar quando mudei para SP' Índice |
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