São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 1996
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A dança das cadeiras

VALDO CRUZ

Brasília - Basta uma derrota no Congresso para que os aliados comecem a falar em reforma ministerial e a apontar aqueles ministros que consideram inoperantes. Duas derrotas, então, esquentam ainda mais as pressões por mudanças ministeriais.
Líderes governistas que se reuniram com o presidente garantem que vem aí um troca-troca ministerial bem mais amplo do que se imaginava.
Até as últimas derrotas no Congresso, FHC mantinha a seguinte posição: poderia trocar um ou outro nome do seu governo, mas nunca lançar uma reforma ministerial. Não admitia nem conversar sobre mudanças no Planalto.
Agora, os amigos palacianos podem ser as principais vítimas. Um deles, Eduardo Jorge (secretário-geral da Presidência), já estaria até conformado. Ficaria satisfeito em ganhar um posto no exterior.
Clóvis Carvalho (Casa Civil), fiel escudeiro, também seria trocado. Os líderes governistas dizem que as últimas derrotas poderiam ter sido evitadas caso os dois amigos cuidassem mais do mundo político.
Em governos passados, recordam os líderes, os auxiliares palacianos faziam um acompanhamento dos parlamentares. Municiavam os governistas com informações sobre quem poderia votar contra o governo.
Eduardo Jorge e Clóvis Carvalho não estariam desempenhando essa função. Pior, estariam contribuindo para aumentar o número de rebeldes. É comum ouvir que o primeiro esnoba parlamentares. E que o segundo se sente o dono da verdade.
Outros dois amigos do presidente são alvo de críticas dos líderes governistas: José Serra (Planejamento) e Pedro Malan (Fazenda). Os aliados dizem que Serra não cumpriu a sua principal tarefa -montar um Orçamento real- e que Malan sempre se omite nos momentos de crise.
O troca-troca ministerial, apostam os governistas, sai até o final de junho. Caso o presidente FHC perceba que pode sofrer mais derrotas, as mudanças seriam antecipadas para abril. Façam suas apostas.

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