São Paulo, terça-feira, 12 de março de 1996
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Operações do BMD ficam normais

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O BMD (Banco Mercantil de Descontos) conseguiu renovar 85% de sua carteira de CDBs (certificados de depósitos bancários) que faziam aniversário ontem, primeiro dia útil após a polêmica divulgação de que seu balanço estava sob investigação do Ministério Público.
O resultado de ontem foi comemorado pela diretoria do BMD, pois o banco não precisou recorrer ao mercado interbancário nem ao BC para honrar seus compromissos junto à clientela.
Segundo Roberto Rodrigues de Almeida, diretor-geral da instituição, venciam ontem cerca de R$ 21 milhões em CDBs, dos quais R$ 18 milhões foram renovados por mais 30 dias.
Muitos clientes que precisaram resgatar as aplicações explicaram aos gerentes que tinham compromissos prévios, disse ele.
"Passamos no teste, nossos clientes e o mercado financeiro deram uma prova de maturidade", afirmou Almeida.
Nas principais agências do banco, a movimentação foi tranquila ontem (leia texto ao lado).
Dia tranquilo
No mercado interbancário, não ocorreu o esperado nervosismo em torno do caso BMD. A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) abriu em baixa moderada e terminou em alta de 1,05%.
"O dia começou tenso, mas foi ficando tranquilo quando se constatou que não havia mesmo novos problemas de balanços de bancos", disse o presidente da Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto), José Carlos de Oliveira.
O BMD inicia hoje a montagem do processo contra o ex-procurador-adjunto do Banco Central, Manoel Loiola, que vazou para a imprensa, na sexta-feira, o processo contra o banco paulista.
No final de semana, o BMD explicou à clientela que está contestando junto ao Ministério Público a ação notificada pelo BC, referente ao balanço de 30/06/94.
A ação envolve o provisionamento (separação de reservas) para prejuízos com empréstimos à CAC (Cooperativa Agrícola de Cotia), efetuados integralmente pelo banco em 31/07/94.
Os fiscais do BC entenderam que o BMD deveria ter feito o provisionamento -de US$ 2,36 milhões, na época- um mês antes do ocorrido. O BMD sustenta que seguiu a legislação.
"Não teríamos motivo para postergar em um mês o provisionamento integral do prejuízo com a CAC. Dizer que fizemos isso para inchar o lucro semestral do banco é bobagem, pois só distribuímos dividendos aos nossos acionistas com três anos de atraso. É que, assim, esses dividendos ficam isentos do Imposto de Renda", afirmou Almeida.
Assim como o BMD, outros 11 bancos estão sob investigação do Ministério Público.

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