São Paulo, terça-feira, 12 de março de 1996
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Governo e Força se unem para aprovar a reforma

"Vamos dar uma cacetada no servidor público", diz Medeiros

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo escolheu a Força Sindical como "aliada preferencial" na segunda tentativa para aprovar a reforma da Previdência. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) foi deixada em segundo plano.
"Desde o início do debate sobre a reforma, a Força Sindical está sintonizada em acabar com os sistemas privilegiados de aposentadorias", diz o deputado José Aníbal, líder do PSDB na Câmara.
Aníbal almoçou ontem em São Paulo com o estado-maior da Força Sindical. O objetivo foi traçar uma estratégia para mudar a Previdência. A central inicia hoje uma série de reuniões em Brasília.
Luiz Antônio de Medeiros, presidente da Força, tem reuniões marcadas com os deputados Michel Temer, relator da nova emenda previdenciária, e Luiz Carlos Santos, líder do governo da Câmara.
Medeiros e outros dirigentes da Força vão apresentar documento com nove pontos e dezenas de propostas sobre a reforma. Amanhã, haverá duas novas reuniões -às 11h, com líderes do PSDB, e às 15h, com pefelistas.
No almoço de ontem, a Força Sindical apresentou os pontos do texto que leva hoje a Brasília. Muitos deles já estavam na proposta derrotada na semana passada.
O alvo principal da Força Sindical é o servidor público. "Vamos dar uma cacetada sem dó nem piedade no servidor público", diz Medeiros. Em relação aos servidores, a proposta da CUT é muito mais radical do que a anterior.
Defende, por exemplo, a aprovação do regime único de aposentadorias para trabalhador público e privado, com teto máximo de benefício de R$ 1.000. Mas Medeiros sabe que essa proposta não passa.
Por isso, já tem engatilhada outras propostas para acabar com o que chama de "privilégios" do servidor público. Quer o fim das aposentadorias com salário integral.
Na cruzada contra os servidores, Medeiros vai apresentar números para reforçar o fim desses privilégios. Diz que a Previdência gasta R$ 35 bilhões anuais com apenas 10% dos servidores aposentados, incluindo os de estatais. Igual valor é gasto com os outros 90% de aposentados, do setor privado.
Na negociação com o governo, a Força Sindical também vai tentar obter algum tipo de aumento para os aposentados que ganham baixos salários. É uma forma de obter apoio da opinião pública para a reforma previdenciária.
Segundo Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, desde 1989 há uma defasagem de 40% a 45% nas aposentadorias menores. São cerca de 4 milhões de aposentados que poderão se beneficiar com a medida.
CUT O governo não descartou de vez a negociação com a CUT. Vicente Paulo da Silva, presidente da central, será convocado mais adiante para conversas. Mas há temor de que a CUT emperre a negociação.
Na Força Sindical, Paulinho faz reparos à atuação de Vicentinho na negociação anterior. "O Vicentinho ficou, ficou, e depois foi dançar o 'Vira' na porta do Congresso", referindo-se ao uso da música do Mamonas num ato em Brasília.

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