São Paulo, terça-feira, 12 de março de 1996
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Empreiteiros criam 'Tribunal de Ética'

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os empreiteiros, maiores alvos de acusações de corrupção nos últimos anos, decidiram criar o "Tribunal de Ética".
A iniciativa será festejada hoje, durante a posse da nova diretoria do Sinicesp (Sindicato da Construção Pesada do Estado de São Paulo). A entidade é uma das maiores do setor no país.
A missão do "Tribunal de Ética" -este é o nome oficial- é fiscalizar todas as licitações e contratos feitos entre os construtores e os órgãos públicos daqui por diante.
O sindicato dos construtores reúne cerca de 200 empresas responsáveis por grandes obras de estradas e rodovias em São Paulo.
Depois da instalação do tribunal, a entidade já planeja criar um código de ética próprio para ser utilizado no mercado dos empreiteiros.
Segundo a diretoria do sindicato dos construtores, além das concorrências para obras, o tribunal ficará de olho na inadimplência do governo com o setor. Essa é hoje a principal preocupação do Sinicesp.
A administração Mário Covas (PSDB) herdou da administração de Luiz Antonio Fleury Filho (1987-91) uma dívida de cerca de R$ 2,5 bilhões.
Por conta de contratos para pequenos serviços de conservação de rodovias, o atual governo já acumula também uma dívida de R$ 13 milhões.
Para evitar que cresça esse bolo, o tribunal dos empreiteiros soltou um alerta para os seus seguidores: as empresas não devem fazer nenhum novo contrato sem antes ter a certeza que a obra tem orçamento garantido.
"É necessário, mais do que nunca, evitar novos dissabores", divulgou um boletim do Sinicesp, que é comandado pelo empreiteiro Newton Cavalieri, um dos entusiastas do "Tribunal de Ética".
Para o governo Covas, que respondeu aos empreiteiros por intermédio do DER (Departamento de Estradas e Rodagem), o alerta do sindicato é desnecessário.
Segundo a direção do DER, a atual administração estadual só contrata mesmo quando tem recursos previstos no seu orçamento para honrar o pagamento.
Durante os últimos anos, o setor dos empreiteiros acumulou uma série de denúncias de corrupção durante o funcionamento das CPIs do Collorgate e do Orçamento.
Somente em São Paulo, 150 construtoras são objetos de investigação na Polícia Civil e Ministério Público estadual.

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