São Paulo, terça-feira, 12 de março de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
PMDB faz exigência para apoiar projeto do governo DANIEL BRAMATTI DANIEL BRAMATTI; DENISE MADUEÑO
A escolha do líder do PMDB na Câmara, Michel Temer (SP), para relatar o projeto de reforma da Previdência não acabou com as dissidências dentro do partido. O presidente da legenda, deputado Paes de Andrade (CE), condicionou o apoio à reforma à manutenção da aposentadoria por tempo de serviço e dos direitos adquiridos dos trabalhadores. Paes considerou a escolha do relator "constrangedora". "Michel fez suas próprias reflexões. Ele sabia que estava recebendo uma missão constrangedora e não me consultou antes." Por liderar a bancada do PMDB, segundo o deputado Paes de Andrade, o constrangimento de Temer se deve ao fato de o projeto original (da Previdência) estar "cheio de conflitos". Com o aval do presidente Fernando Henrique Cardoso, a escolha do líder do PMDB teve a intenção de diminuir as resistências peemedebistas à reforma. O partido registrou a maior dissidência na base governista na votação do projeto, na semana passada, com 38 votos contrários e mais duas abstenções. Sugestão de Inocêncio O nome de Temer foi sugerido pelo líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE). "Foi uma grande jogada, uma jogada de mestre", disse Paes de Andrade. O líder do PMDB resistiu inicialmente e só aceitou a indicação depois de 24 horas. Caso não consiga unir o partido em torno da proposta, o deputado pode perder a autoridade frente à sua bancada. Ficaria mais distante também de ocupar a presidência da Câmara, no próximo ano. Ontem, o relator se isolou para começar a trabalhar no texto que deve apresentar até quinta-feira para a leitura no plenário da Câmara. Até lá, Temer negociará o apoio político à proposta. Os líderes do PSDB e do PFL também estão se mobilizando para acabar com as dissidências. Inocêncio disse que está ouvindo "um por um" dos deputados pefelistas. O PSDB deve fechar questão no apoio ao projeto, segundo o vice-líder Arthur Virgílio (AM). Isso significa que todos os deputados ficam obrigados a votar de acordo com a orientação do líder. Inocêncio descartou essa possibilidade para o PFL. "Na convenção do partido, no dia 14, vou recomendar que a bancada continue apoiando todas as reformas." Amanhã, os líderes governistas vão se reunir para discutir o projeto de Temer. Na quarta-feira, o encontro será com o vice-presidente Marco Maciel. O governo enumerou alguns pontos que não podem ser modificados na proposta do novo relator. Entre eles está a manutenção do critério de tempo de contribuição para aposentadoria no lugar de tempo de serviço. Texto Anterior: Serviços para o príncipe Próximo Texto: Presidente desiste de demitir apadrinhados de deputados Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |