São Paulo, terça-feira, 12 de março de 1996
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Wal-Mart recua e revê estratégia

FÁTIMA FERNADES
MÁRCIA DE CHIARA

FÁTIMA FERNADES; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresa é forçada a cancelar compras

Há menos de seis meses instalada no país, a cadeia de lojas norte-americana Wal-Mart começa a diminuir o ritmo de compras e até a suspender, por prazo indeterminado, as encomendas de indústrias.
Vários motivos explicam a reviravolta na sua política de compras, baseada na aquisição de grandes volumes a um preço tão competitivo que permitia, quando aqui chegou, a venda de produtos com preços abaixo do custo.
A Folha apurou junto a grandes fornecedores da Wal-Mart que o principal motivo do corte nas compras foi o fato de a empresa ter superestimado o mercado nacional.
Compras suspensas
Alguns empresários chegam a dizer que os gerentes da empresa norte-americana não souberam avaliar a política financeira do país.
Além disso, contam, a operação no Brasil ficou conturbada, especialmente no final de 95, por causa de erros no controle de estoques e na precificação dos produtos.
Por isso, as compras foram suspensas há 30 dias, informa um fornecedor. Ele diz que os gerentes não têm mais autonomia para fixar preços, que agora são ditados pelo departamento de compras.
Segundo a Folha apurou, no mês passado, desembarcou no país um grupo de americanos para tentar consertar a Wal-Mart no Brasil, que teria encerrado 1995, com um prejuízo de US$ 30 milhões.
Custo Brasil
Para os fornecedores da Wal-Mart, um dos grandes desafios para os dirigentes da empresa no país foi ter que conviver dia-a-dia com o custo Brasil.
Isto é, um conjunto de fatores que encarecem a atividade empresarial -como por exemplo taxas de juros, encargos sociais, entre outros- e que acabam tornando a operação mais complexa em relação a outros países.
Para dar ânimo aos negócios no país, a Wal-Mart deve anunciar em breve o nome do novo executivo que vai tocar a filial brasileira, especialmente as duas lojas -uma em Osasco e outra em Santo André, na Grande São Paulo.
"Pelo que sei, tudo vai indo muito bem no Brasil", diz Gerardo Ruiz, coordenador de relações públicas internacionais da Wal-Mart.
Segundo ele, a empresa vai continuar operando no país com a estratégia de vender barato.
"É evidente que não esperávamos ter lucro logo de início no Brasil", afirma Ruiz.

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