São Paulo, terça-feira, 12 de março de 1996
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A imagem do Brasil

FERNANDO RODRIGUES

Tóquio - A viagem de três dias e meio que Fernando Henrique Cardoso inicia hoje aqui no Japão tem o objetivo principal de melhorar a imagem do Brasil perante os japoneses.
É difícil.
FHC chega ao Japão acompanhado de dezenas de pessoas. São cerca de 40 integrantes da comitiva oficial, dentro do avião da Presidência. Fora os que vieram antes.
Entre os que viajaram para chegar antes de FHC está uma gorda comitiva do Estado de Tocantins.
Sete representantes de Tocantins estavam no vôo número 063, da Japan Air Lines, na sexta-feira, dia 8 de março. Só seis deles chegaram a Tóquio no domingo, dia 10.
É que um dos sete tocantinenses causou um escândalo e foi posto para fora do avião pelo comandante da JAL. O deputado estadual Nânio Gonçalves (PMDB) falava alto, incomodava os outros passageiros do avião e começou a fumar quando o avião ainda estava no solo, o que é proibido.
Foi advertido por uma aeromoça. "Não entendo japonês", disse Nânio Gonçalves para a funcionária da JAL -que havia feito o pedido em inglês.
O avião já estava atrasado. Ocorrera um problema técnico. Nânio retardou o vôo em mais uma hora. O comandante, prevendo problemas na viagem, não o queria no vôo.
Quando o piloto da JAL decidiu chamar a polícia do aeroporto de Cumbica para retirar Nânio do avião, o deputado tocantinense aceitou sair.
Mas, cambaleante, proclamou: "Não fiz nada de errado".
É claro e óbvio que FHC e seus assessores diretos não têm responsabilidade por atos cometidos pelo representante de Tocantins.
FHC, aliás, quer apagar a má impressão que o Japão tem do Brasil, resultado de décadas de governos indolentes. Mas a atitude de um deputado -de um partido aliado do presidente- reflete o grau de dificuldade existente.
Há muitos Nânios no Brasil. O Japão sabe. O Brasil, também. Dificilmente FHC conseguirá êxito completo em sua missão.

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