São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 1996
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Custo dos boatos é sempre alto para as instituições envolvidas

BMD cobre com recursos próprios saques de R$ 28 mi

DA REPORTAGEM LOCAL; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

MILTON GAMEZ
Quanto custa um boato? Depende da notícia e do tamanho da vítima, a julgar pelos casos recentes.
Enquanto o Nacional perdeu cerca de R$ 3 bilhões pouco antes de sofrer intervenção do BC (Banco Central), o Banco Mercantil de Descontos (BMD) teve saques de R$ 28 milhões na segunda-feira.
Foi esse o tamanho do problema causado ao BMD com a divulgação de que ele estava sob investigação do Ministério Público.
O dinheiro fujão foi coberto com reservas próprias do BMD, disse o diretor-geral, Roberto Rodrigues de Almeida.
O executivo avalia que os saques dos depósitos à vista e dos CDBs foram moderados porque o banco esclareceu à clientela que não tem problemas de balanço, apenas trava uma disputa com o BC em torno de um crédito contra a falida Cooperativa Agrícola de Cotia.
"Vamos trabalhar duro para recuperar tudo de volta. Alguns clientes depositaram hoje (ontem) o que haviam sacado na segunda-feira", afirmou Almeida.
O BMD teve sorte de estar com o caixa cheio, pois pôde aguentar sozinho os saques, que representaram quase 10% dos depósitos.
Guardadas as proporções, seria o mesmo que o Unibanco perder, num só dia, quase R$ 1 bilhão, o que pagou pelas operações bancárias do Nacional.
Em Brasília, ontem, a
Associação Nacional dos Procuradores do BC divulgou nota de apoio a Manoel Loiola, afastado do cargo de procurador-adjunto do Departamento Jurídico do BC após informar que o BMD estava sob suspeita de manipular seu balanço.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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