São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 1996
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A CEF tem lucro

LUÍS NASSIF

O balanço da CEF (Caixa Econômica Federal), a ser divulgado hoje, tem quatro particularidades bastante distintas do prejuízo astronômico registrado pelo Banco do Brasil:
1) Registrou-se quase o mesmo lucro do ano passado -R$ 221 milhões, contra R$ 213 milhões em 94. Mas, segundo seu presidente Sérgio Cutolo, a CEF incluiu nesse balanço (quase) todos os ossos que estavam em seu armário.
2) Operacionalmente, conseguiu-se um quase equilíbrio (prejuízo de R$ 33 milhões), feito que avulta se confrontado com o prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 1994.
3) De tomadora de recursos no interbancário, a CEF tornou-se doadora. Em dezembro, estava superavitária em R$ 7,7 bilhões, dos quais R$ 5 bilhões em posição própria.
4) O patrimônio líquido subiu de R$ 1,7 bilhão para R$ 3,2 bilhões, permitindo ao banco enquadrar-se nos limites impostos pelo acordo de Basiléia.
Nem se julgue que a CEF passou incólume pelo festival de inadimplência que assola a economia.
A carteira comercial registrou inadimplência de 50%; no total, foram 12% dos ativos. Em alguns Estados, como Pernambuco, a inadimplência atingiu inacreditáveis 90% da carteira.
A razão -segundo Cutolo- foram as restrições de crédito, em função da política monetária adotada.
Para compensar, a CEF procedeu à cobrança de algumas dívidas históricas, que vinham sendo postergada há décadas -recuperou R$ 1,7 bilhão em créditos, entre outras, das cadernetas de poupança Haspa e Continental.
Outros R$ 2,1 bilhões foram recuperados do setor público.
Outro avanço foi na redução das despesas operacionais (menos 13%) e com pessoal (menos 15%). Para tanto, foram revistos contratos, terceiros e cargos comissionados.
Nem todos os esqueletos foram tirados do armário. Os créditos junto ao FCVS (Fundo de Compensação das Variações Salariais) continuam contabilizados como bons.
E ainda não se lançaram na conta de prejuízo os empréstimos com recursos do FGTS -cujo risco de aplicação é da própria CEF.
FGTS
É plano da CEF permitir, até o final de 1997, que 40 milhões de correntistas do FGTS possam consultar seu saldo em tempo real.
Pingue-pongue
1) Deram com os burros n'água as incursões de Luiz César Fernandes, do Pactual, pela área têxtil.
2) A Brahma, do arqui-rival Jorge Paulo Lehmann, deu tanto lucro que permitiu distribuição extra de dividendos. Nem precisaria ter recorrido a financiamentos do BNDES.

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