São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 1996
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Montagem marca 50 anos de carreira de Nicete

DA REPORTAGEM LOCAL

A montagem de "Gertrude Stein" comemora os 50 anos de carreira da atriz Nicete Bruno, que faz o papel de Gertrude. "Foi uma mulher que ajudou a criar o século 20", diz a atriz.
Nicete Bruno diz que não se fixou no fato de Gertrude ser lésbica, ao compor a personagem. "Vi a Gertrude como uma pessoa excepcional. A homossexualidade é um contingência da individualidade dela", afirma.
Mais forte para a atriz é o tipo de relação mantida durante 40 anos com Alice Toklas. "Eram duas pessoas que se amavam, viveram casadas preservando a lealdade."
Lealdade e devoção. Alice recolhia as folhas manuscritas por Gertrude nas madrugadas e as datilografava durante o dia. Cozinhava. Cuidava da casa. Se considerava "uma sombra" da escritora.
Alice é interpretada por Clarisse Abujamra, que considera sua personagem como vivendo "no fio da navalha": textos cáusticos ditos em tom de comédia, indefinição entre burrice e quase loucura.
As duas atrizes apontam as dificuldades de dizer o texto da peça. "É preciso uma embocadura especial, para manter a interpretação, a dicção e o fôlego", diz Nicete.
Um dos momentos difíceis é a declaração de amor feita por Gertrude, logo após um beijo e um orgasmo (que Gertrude chamava de "orquídea"), com inumeráveis repetições de trechos e palavras.
O espectador privilegiado da relação entre as mulheres é Picasso, interpretado por Francarlo Reis. "O Picasso entendia as duas, mas tinha um gênio de cão. Era muito sarcástico", comenta o ator.

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