São Paulo, quarta-feira, 13 de março de 1996 |
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"O Céu Sobre Lisboa" repassa as fórmulas cansadas de Wenders
FERNANDO DE BARROS E SILVA
"O Céu Sobre Lisboa" (1994), que sai agora em vídeo, retoma essa face perene da obra do cineasta, mas põe mais uma vez a nu o cansaço das suas fórmulas. Desde que resolveu povoar seus filmes com criaturas aladas e alegorias de gosto duvidoso, Wenders parece ter se tornado óbvio demais. É como se toda sua pretensão metafísica se resolvesse de repente numa espécie de tolice subgermanófila. Neste filme, um técnico de som, Philip Winter (Rudiger Vogler), viaja a Lisboa para acudir um amigo diretor que enfrenta problemas numa filmagem. Ambos se desencontram e Philip passa a recolher ruídos pela cidade para o filme do amigo. Desencontros, ruídos, reflexões sobre o cinema, paixões frustradas -a fórmula é sempre a mesma. Só que Wenders tornou-se ele próprio uma vítima da sua obsessão. Está perdido, vacila, não acha saída. A crise do cineasta faz lembrar uma das tiradas de gênio de Guimarães Rosa. Perguntado sobre o segredo de seu "Grande Sertão", disse que se tratava de "pura metafísica com um pouco de capim por cima". Wenders anda esquecido do "capim". E sem ele, suas incursões matafísicas tornaram-se simplesmente enfadonhas. FERNANDO BARROS E SILVA Vídeo: O Céu Sobre Lisboa Direção: Wim Wenders Elenco: Rudiger Volger, Teresa Salgueiro Distribuição: Top Tape (tel. 011/826-3066) Texto Anterior: "Kids" funciona como um soco didático Próximo Texto: Curadora brasileira faz verbete para enciclopédia Índice |
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