São Paulo, quinta-feira, 14 de março de 1996
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Políticos põem 'panos quentes'

MARTA SALOMON

MARTA SALOMON; SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nem o governo nem o senador José Sarney (PMDB-AP) querem ouvir falar de rompimento. A proposta defendida em Tóquio pelo governador tucano do Ceará, Tasso Jereissati, foi sufocada ontem pela ação de "bombeiros" governistas e sarneysistas.
Ninguém sairia ganhando -foi a conclusão a quem chegaram integrantes dos dois grupos.
"É um erro mortal subestimar o Sarney porque seu apoio é indispensável", disse o líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), adiantando: "Serei bombeiro o quanto puder".
O próprio Sarney, por meio de sua assessoria, tratou de descartar qualquer interesse em se afastar do governo, apesar dos ataques que costuma dirigir ao Planalto, como no episódio da CPI dos bancos.
Depende da leitura que Sarney fizer do regimento, por exemplo, o destino da CPI dos bancos. Este poder "regimental" é maior do que o número de votos que Sarney influencia no Congresso.
Os próprios sarneysistas mais otimistas computam entre 70 e 80 o número de votos influenciáveis pelo presidente do Senado entre os 594 deputados e senadores.
Sarney também sairia perdendo com o eventual rompimento. Na condição de aliado do presidente Fernando Henrique Cardoso, ele desfruta da maioria dos cargos federais no Amapá e Maranhão, segundo a contabilidade do Planalto.
Para a filha de Sarney, Roseana, governadora do Maranhão pelo PFL, a hipótese de rompimento é comparada a uma tragédia, já que o Estado depende de boa vontade e de verbas federais para sobreviver.
Ontem, Sarney retardou o retorno a Brasília e a solução para a CPI dos bancos. Mas não deixou Tasso Jereissati sem resposta. "Ele deve estar muito ocupado negociando com o Ângelo Calmon de Sá (ex-dono do Banco Econômico) a compra da Coca-Cola da Bahia", provocou o assessor de imprensa de Sarney, Fernando César Mesquita.
O governador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) saiu em defesa de Sarney durante a sessão do Senado. "Jereissati não foi feliz em suas declarações", discursou.
O PFL também entrou em ação e indicou o deputado Sarney Filho (PFL-MA) para assumir a presidência da Comissão Mista de Orçamento, uma das mais disputadas entre os parlamentares.

Colaborou Sônia Mossri

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