São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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Paulo de Tarso ataca funcionário do Bird

DANIELA FALCÃO
ENVIADA ESPECIAL A SAN ANTONIO

O embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Paulo Tarso Flecha de Lima, enviou ontem carta ao presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, criticando as declarações que Homi Kharas, novo chefe de operações do Bird para o Brasil, concedeu à Folha na quarta-feira passada.
Segundo à Folha apurou, Flecha de Lima espera que Wolfensohn publique um pedido de desculpas formal ao governo brasileiro, antes da visita que Kharas fará ao país.
Flecha de Lima chamou Kharas de funcionário de baixo escalão e afirmou que a entrevista que ele concedeu à Folha era arrogante e temperamental.
"É inaceitável que um funcionário de baixo escalão do Bird considere justo emitir julgamento totalmente equivocado sobre a atual política econômica do Brasil", diz o embaixador na carta.
Bomba relógio
Na entrevista que concedeu à Folha, Kharas havia dito que o o Plano Real era uma "bomba relógio". Segundo ele, a maneira como o Brasil vem suprimindo seu déficit público tem limites que nem a equipe que elaborou o plano conhece.
Para o funcionário do Banco Mundial, a aceleração da reforma fiscal é a maneira mais eficaz de evitar a "explosão".
Flecha de Lima afirmou ainda que as afirmações de Kharas distorcem os "significativos avanços" conquistados pelo presidente Fernando Henrique Cardoso na adoção das reformas que buscam a estabilização da economia brasileira.
Na carta enviada a Wolfensohn, Flecha de Lima diz que confia que o presidente do Bird não permitirá que o órgão tenha mais de uma opinião sobre o atual estágio do plano de estabilização.
O embaixador está em San Antonio (Texas) para acompanhar a visita que FHC faz hoje pela manhã ao Forte San Houston, para homenagear os soldados americanos que lutaram junto à FEB (Força Expedicionária Brasileira) na Segunda Guerra Mundial.
Declaração
Depois da entrevista à Folha, o Banco Mundial emitiu nota assinada por Gobind Nankani, diretor do Departamento de Brasil da instituição, elogiando "o contínuo sucesso do plano de estabilização".
Segundo o documento, o Bird "apóia plenamente as tentativas que estão sendo feitas pelo governo brasileiro a fim de fortalecer o equilíbrio fiscal, limitar os empréstimos do Banco Central" e reformar a Constituição.
A nota encerra com a frase: "O Banco (Mundial) dá muito valor à longa parceria que tem com o Brasil".

Colaborou a Redação

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