São Paulo, sábado, 16 de março de 1996 |
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Justiça decreta prisão de ex-diretor do Nacional
FERNANDO PAULINO NETO
Como a juíza aceitou a denúncia da Procuradoria da República e decretou a prisão, Sant'Anna deixa de ser suspeito e passa a ser réu no processo que investiga possíveis irregularidades em conversões da dívida externa. No final da tarde, Sant'Anna foi comunicado da prisão pelos procuradores da República Arthur Gueiros e Alex Miranda em seu apartamento na rua Aperana, no Leblon, zona sul do Rio. Sant'Anna, segundo relato de Gueiros à Folha ao saber da prisão preventiva domiciliar, disse apenas que acredita em Deus e na Justiça. Ele já tem depoimento marcado dia 22 na 13ª Vara Federal. Gueiros disse que, como Sant'Anna, também os procuradores confiam em Deus e na Justiça. Lotação A prisão não tem qualquer relação com as supostas fraudes em créditos fictícios para maquiar o balanço da instituição. Segundo Gueiros, a juíza decidiu pela prisão domiciliar por causa da lotação da carceragem da Polícia Federal, no centro do Rio. Segundo o procurador Gueiros, hoje estão na PF 150 presos e a capacidade é para 40 detentos. Foram três os motivos da prisão. A garantia da instrução penal, a magnitude da lesão e a garantia da ordem pública. A garantia da instrução penal foi decidida porque Sant'Anna "tem-se negado sistematicamente a prestar esclarecimentos às autoridades", disse Gueiros. Sant'Anna não compareceu aos depoimentos no Senado e na Procuradoria. Os procuradores temiam que Clarimundo pudesse deixar o país se não ficasse preso. A magnitude da lesão se deve, segundo Gueiros, à possibilidade de as conversões irregulares da dívida externa atingirem R$ 2 milhões. A garantia da ordem pública é em razão da comoção pública que poderia acontecer se Sant'Anna não fosse preso, pois o cidadão comum poderia desconfiar do sistema financeiro, acreditando que, sem punição, outros banqueiros poderiam estar também cometendo irregularidades. Denúncia A denúncia contra Sant'Anna foi feita na quarta-feira pelo procurador da República, Alex Miranda, à juíza da 13ª Vara Federal. Gueiros criticou a Polícia Federal dizendo que desde às 12h ele e Miranda procuraram diversos delegados sem conseguir um policial sequer para acompanhar a diligência que informaria da prisão. Às 16h45, os dois procuradores saíram do prédio da Justiça Federal acompanhados de dois oficiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar que garantiram a prisão. No início da noite, o procurador Rogério Nascimento fez um ofício à Polícia Federal pedindo que fosse enviado um policial para montar guarda em frente ao prédio. Texto Anterior: Lenha na fogueira Próximo Texto: Créditos fictícios somam 37,7% da fraude Índice |
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