São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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Diretoria também participou de manobra

DA SUCURSAL DO RIO

O ex-vice-presidente do Banco Nacional Clarimundo Sant'Anna não foi o único responsável pela maquiagem do balanço do Banco Nacional.
Um pequeno grupo de diretores teria elaborado o mecanismo usado para esconder os prejuízos do banco.
Segundo um dos altos executivos do Nacional, a realização da fraude não seria coisa para apenas um fazer nem para um grupo grande de, por exemplo, 15 pessoas. Seria para três ou quatro pessoas executar.
No modo de ver deste executivo, que não quis se identificar, o vice-presidente de Operações, Clarimundo Sant'Anna teria sido escolhido como bode expiatório do caso do Banco Nacional.
As fraudes nos créditos do Banco Nacional, segundo este executivo, seriam de dois tipos.
Em um, os créditos ruins não eram colocados no balanço como perdas.
Em outro, o banco se aproveitaria de clientes e CPFs ou CGCs verdadeiros para fazer operações de créditos falsas.
Para este executivo, os créditos ruins se avolumaram antes de 1988, principalmente com empréstimos concedidos a micro, pequenas empresas e pessoas físicas que não cumpriram os contratos.
A atitude correta do Nacional seria colocar estes créditos como perdas, mas isto acarretaria na quebra do banco já naquela época.
Os lucros do banco não dariam para cobrir os prejuízos com os créditos perdidos.
É a mesma coisa, explica o ex-executivo, que manter como crédito bom, ainda passível de pagamento, um empréstimo feito a uma empresa que já tenha encerrado suas atividades.
Câncer
Esse tipo de atitude acaba criando uma espécie de câncer no banco que vai contaminando as outras partes.
Por isso, o Nacional teve que apelar para o mecanismo de créditos fictícios, para evitar que o artifício dos créditos ruins considerados bons fosse descoberto.
Para fazer estes créditos fictícios, o banco teria usado o nome, o CPF ou CGC de clientes verdadeiros.
Esses clientes estariam com contas inativas ou que já haviam realizado operações de crédito com o banco anteriormente.

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