São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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Justiça decreta prisão de ex-diretor do Nacional

Clarimundo Sant'Anna passa a réu no processo contra o banco

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-vice-presidente de Controladoria do banco Nacional, Clarimundo Sant'Anna, 54, teve prisão preventiva domiciliar decretada ontem pela juíza Marilena Soares Reis Franco, da 13ª Vara Federal do Rio.
Como a juíza aceitou a denúncia da Procuradoria da República e decretou a prisão, Sant'Anna passa a ser réu no processo que investiga possíveis irregularidades em conversões da dívida externa.
No final da tarde, Sant'Anna foi comunicado da prisão pelos procuradores da República Arthur Gueiros e Alex Miranda em seu apartamento na rua Aperana, no Leblon, zona sul do Rio.
Os procuradores chegaram ao apartamento com dois policiais militares do Batalhão de Choque. Os PMs continuaram na casa após a saída dos procuradores.
Às 20h45, três policiais federais chegaram ao prédio para continuar a guarda de Sant'Anna.
Deus
O ex-vice presidente, segundo relato de Gueiros à Folha, ao saber da prisão preventiva domiciliar, disse apenas que acredita em Deus e na Justiça. Gueiros disse que os procuradores também confiam em Deus e na Justiça.
Sant'Anna já tem depoimento marcado para o dia 22. O outro suspeito, Paulo Afonso Pereira Mesquita, também diretor do Nacional, será interrogado por carta precatória porque mora em São Lourenço (MG).
A prisão não tem relação com as supostas fraudes em créditos fictícios para maquiar balanço.
Segundo Gueiros, a juíza decidiu pela prisão domiciliar por causa da lotação da carceragem da Polícia Federal. Gueiros disse que a carceragem da PF no Rio tem 150 presos, enquanto a capacidade é de 40.
Foram três os motivos da prisão: a garantia da instrução penal, a magnitude da lesão e a garantia da ordem pública.
Negativa
A garantia da instrução penal foi decidida porque Sant'Anna "tem-se negado sistematicamente a prestar esclarecimentos", disse Gueiros. Ele referia-se ao fato de ele não ter comparecido aos depoimentos no Senado e na Procuradoria da República. Os procuradores temiam que Clarimundo pudesse deixar o país se não fosse preso.
Segundo Gueiros, é possível que as conversões irregulares da dívida externa atinjam R$ 2 milhões.
A denúncia contra Sant'Anna foi feita na quarta-feira pelo procurador da República Alex Miranda.
Gueiros criticou a Polícia Federal dizendo que desde às 12h ele e Miranda procuraram diversos delegados sem conseguir um policial para acompanhar a diligência.
Às 16h45, os dois procuradores saíram do prédio da Justiça Federal acompanhados de dois policiais militares que garantiram a prisão.
Clarimundo José Sant'Anna trabalhou 40 anos no Nacional. Começou como contínuo em Belo Horizonte, chegando a vice-presidente em 1984. Contador formado pela Universidade Federal do Rio, mora no Leblon (zona sul do Rio).

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