São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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Maluf apóia CPI e recusa jantar com FHC

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O prefeito Paulo Maluf complicou os planos do governo ontem e disse que o PPB indicará um representante para a CPI dos Bancos no Senado. Convidado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, Maluf recusa-se a jantar com ele.
A orientação do prefeito de São Paulo contraria as declarações da véspera do líder do partido do Senado, Epitácio Cafeteira (MA).
Maluf compromete também a estratégia traçada pelo Palácio do Planalto para bloquear a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
Junto com o PMDB e os partidos de oposição (PT e PDT), o PPB dará maioria ao grupo favorável à instalação da comissão no universo de 13 vagas da CPI.
Maluf sustenta que o dinheiro gasto até agora no socorro aos bancos Nacional, Econômico e Banespa já justifica a investigação.
"Os fatos são graves", insiste o prefeito, que comandou o recuo do líder no Senado, num novo bombardeio contra FHC.
'No olho da rua'
"Por mim, esse presidente do Banco Central (Gustavo Loyola) já estaria no olho da rua."
Se depender de Maluf -presidente de honra do PPB-, o terceiro maior partido do Congresso não dará paz ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
Em entrevista à Folha, por telefone, o prefeito anunciou que pretende disputar a eleição de 1998 para presidente da República ou para governador de São Paulo.
Por isso, defenderá, na convenção do partido, o fechamento de questão contra o projeto de reeleição de Fernando Henrique.
"Se o presidente não colocou a reeleição em pauta no início do ano e se não tem reeleição para prefeito, então não vai ter para ninguém: estou liberado para uma candidatura em 1998", disse.
A Convenção Nacional do PPB está marcada para as próximas quarta e quinta-feira em Brasília.
"Quem não respeitar o fechamento de questão será expulso do partido", ameaçou o prefeito.
Jantar
Outra manifestação de que não está para conversa foi a recusa de Maluf ao convite de FHC para jantar no Palácio da Alvorada, na terça-feira que vem.
O convite foi enviado ontem pelo chefe do cerimonial do Palácio, Valter Pecly, por meio de fax. Toda a bancada do PPB na Câmara e no Senado foi chamada.
"Já tenho compromisso com convidados importantes no camarote do Teatro Municipal: vou ouvir a Orquestra Sinfônica de Berlim", contou.
Detectado por assessores de FHC como um candidato em potencial ao Ministério das Relações Exteriores, ele também recusa a oferta, que não lhe chegou a ser feita.
"Não tenho 'finesse' para tomar champanhe no final da tarde e o ministro -como se chama?- está indo muito bem." O prefeito referia-se a Luiz Felipe Lampreia.
FHC já assumiu compromisso de dar uma vaga para o PPB no ministério. Duas semanas atrás, o presidente comentou com um grupo de parlamentares do partido que o governo vivia a fase "de namoro" com a legenda malufista.

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