São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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Travesti faz crítica a operações

ESPECIAL PARA A FOLHA

O travesti Andrea de Maio considera a cirurgia para mudança de sexo mutiladora: "Todos os meus amigos que fizeram ficaram com sérios problemas psicológicos. Nenhum ficou feliz. A cirurgia acaba com o prazer sexual. E a mudança é um caminho de ida sem volta".
Mas há que distinguir o transexual dos demais tipos homossexuais. "Para o travesti, por exemplo, o sexo é fonte de prazer. Mas o transexual tem vergonha da sua genitália e não tem prazer nas relações sexuais", observa a advogada Tereza Rodrigues Vieira.
Segundo Tereza, quem muda de sexo e se arrepende não é transexual, pois este busca desesperadamente adequar seus órgãos sexuais externos ao sexo psicológico.
Para evitar arrependimentos, o candidato a mudar de sexo deve submeter-se a avaliação de junta médica, para verificar se a cirurgia é recomendada.
Tereza entende que a autorização para a cirurgia cabe à junta médica, e não ao Judiciário. "O juiz não tem condições de avaliar se a pessoa é ou não transexual. Para decidir se autoriza ou não a operação, precisará de laudos médicos."
Ela defende a criação de lei estabelecendo os requisitos para a realização da cirurgia.
"Embora o transexual já possua o direito à adequação de seu sexo, resguardado constitucionalmente pelo direito à saúde, a lei servirá como um orientador para o juiz, o advogado e os profissionais ligados à terapêutica, os quais se sentirão mais seguros", conclui.

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