São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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CUT propõe parceria contra desemprego

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente da CUT, propôs ontem na sede da maior organização empresarial do país, a Fiesp, uma nova era na relação entre capital e trabalho.
Ele acenou a bandeira branca aos empresários durante o seminário "Desemprego no Brasil: a Questão tem Solução", organizado pelo Instituto Roberto Simonsen e pela Academia Internacional de Direito e Economia, na Fiesp.
Vicentinho disse que a iniciativa dos empresários em organizar seminários para discutir o desemprego é um fato novo na sempre tensa relação entre capital e trabalho.
"Em geral, empresário discute como lucrar mais. Mas o emprego no Brasil é uma questão tão séria que o empresariado começa a discutí-lo, é claro que de maneira pragmática, porque um desempregado é um consumidor a menos para seus produtos."
Porta aberta
Sugerindo o aprofundamento das negociações sobre todas as questões de interesse comum, Vicentinho prometeu uma maior aproximação com os empresários.
"Está se abrindo uma porta que exige de nossa parte uma contrapartida, como a discussão de uma política industrial e absorção de tecnologia com metas para a produção e o emprego", disse.
Vicentinho afirmou que os trabalhadores de agora em diante não podem mais ficar apenas reclamando do desemprego.
"Temos que apresentar propostas para proteger a indústria do país, que produz riqueza e gera empregos, e ao mesmo tempo buscar mecanismos de assistência ao desempregado de hoje."
Sem tabus
Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp, disse que a entidade está aberta ao diálogo com os trabalhadores, sem "nenhum ranço".
Segundo o presidente da Fiesp, a época do dogma e do tabú já passou. "Estamos dispostos a discutir todos os temas da relação entre capital e trabalho", afirmou.
"Vamos conversar com os trabalhadores, principalmente aqueles que tenham preocupação com os interesses do país e não com corporativismo", afirmou.
Moreira Ferreira destacou como exemplo da aproximação entre patrões e empregados o apoio da CUT à proposta de reforma tributária dos empresários, que foi elaborada em conjunto com a Fipe, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP. Moreira Ferreira disse que a Força Sindical também anunciou apoio à proposta, que reduz de cerca de 55 para cinco o número de impostos.

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