São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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Inflação menor reduz margem de venda

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Artigos de livraria e cama, mesa e banho registraram as maiores quedas, segundo levantamento da USP

Levantamento do Programa de Varejo (Provar) da Universidade de São Paulo mostra que as margens de comercialização da maioria dos produtos vendidos nos supermercados encolheram com a queda da inflação.
Segundo o levantamento, 20% dos itens mantiveram as margens e 10% dos produtos tiveram suas margens reduzidas.
Na análise dos produtos agrupados por setor, o levantamento mostra que o maior recuo nas margens nas margens ocorreu com os artigos de livraria (-6%). Em seguida, estão produtos de cama, mesa e banho (-4%), alimentos (-3%), brinquedos (-3%) e eletrodomésticos (-2%).
"Essa compressão de margens é resultado da maior concorrência no varejo devido à estabilização dos preços", diz Claudio Felisoni, coordenador do Provar que, junto com o pesquisador Edgard Monforte Merlo realizou o estudo.
Com a queda da inflação, diz Felisoni, ficou mais fácil para o consumidor comparar preços. Isso forçou os supermercados a reduzirem as cotações nas prateleiras das lojas para enfrentar a competição.
Segundo ele, as margens das lojas também foram comprimidas porque a indústria, com mais poder de barganha que o varejo, manteve as cotações na outra ponta.
"Se a margem de comercialização foi espremida, muito provavelmente a margem de lucro deve ter diminuído", afirma Felisoni.
É que o lucro do supermercados é obtido a partir da margem de venda que vai para o caixa, depois de descontado o custo de tirar o produto da fábrica e colocá-lo na loja.
Reviravolta
A redução das margens de lucro dos supermercados começa a provocar mudanças na forma de conduzir o negócio.
"Com a economia estável, a tendência é de voltar a centralizar a administração", diz Paulo Afonso Feijó, presidente da Associação Brasileira dos Supermercados.
Isso porque com a centralização das operações, como por exemplo a compra de produtos, o supermercados negociam grandes volumes e obtêm preços mais baratos.
"Tenho informações de que o Carrefour está começando a centralizar as operações", diz Feijó.
A direção da empresa, porém, informa que não está centralizando as suas operações e que mantém a sua política de descentralização.
O que existe, segundo a diretoria da empresa, é a compra conjunta de uma grande quantidade de itens com preços competitivos que são repassados para o cliente.

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