São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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"Jenipapo" faz carreira fora do Brasil

DANIELA ROCHA
EDITORA-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

"Jenipapo", da cineasta brasileira Monique Gardenberg, 37, está fazendo carreira no exterior. O filme foi vendido na última quarta-feira à Malo Films, que vai exibi-lo no Canadá, e abrirá dois festivais nos Estados Unidos.
Um deles é o Women Make Movies (Mulheres Fazem Cinema), o festival mais antigo de cineastas mulheres, que acontece em abril em Washington. No dia 29 de março, "Jenipapo" abre o Sedona Film Festival, no Arizona.
A organização de um outro festival, na Philadéphia, também está em contato com a cineasta para integrar o filme à mostra.
"A carreira do 'Jenipapo' foi espontânea lá fora. Fico feliz porque isso comprova uma teoria de que filmes que combinam elementos artísticos e comerciais têm interesse do mercado", disse.
O convite para abrir o Women Make Movie foi uma surpresa bem vinda à cineasta.
"É irônico que um filme que faz críticas diretas aos americanos seja visto por políticos dos Estados Unidos, que costumam ir à noite de abertura do festival", afirmou.
No Brasil, Gardenberg ainda não terminou a série de lançamentos do filme. "Jenipapo" estreou em fevereiro em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, e teve 50 mil expectadores (arrecadação estimada em R$ 250 mil).
Ontem, estreou em Belo Horizonte e até o final do mês estará nos cinemas de Curitiba, Porto Alegre e Brasília. "Se pudesse, eu faria a estréia de 'Jenipapo' no Congresso, com a Diolinda sentada ao lado", disse a cineasta, referindo-se à líder dos sem-terra, que saiu da prisão recentemente.
O filme trata das injustiças sociais e do drama dos sem-terra no Brasil. É uma co-produção Brasil/EUA, tem elenco internacional e é falado em inglês e português. "Apesar disso, 'Jenipapo' é um filme brasileiro, feito por uma equipe de brasileiros e um tema nacional", disse Gardenberg.
O filme estreou no Sundance Film Festival -mostra de novos cineastas nos Estados Unidos- no ano passado e também foi mostrado nos festivais de Toronto (Canadá) e Roterdã (Holanda).
A repercussão do filme rendeu à cineasta um convite para participar do corpo de diretores do Propaganda Films, uma empresa de Los Angeles de representação de cineastas como David Linch ("Coração Selvagem") e David Fincher ("Seven").
"Mas Hollywood ainda é um mistério para mim. Você investe muito tempo em projetos que nem sempre têm garantia que serão concluídos. É muito fácil morrer à margem de Hollywood."

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