São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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Rede Cultura fecha acordo com a TVA

ELVIS CESAR BONASSA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Rede Cultura fechou acordo com a empresa de TV paga TVA para realizar co-produções e fazer permutas de programação. Esse acordo faz parte da estratégia da Fundação Padre Anchieta (que controla a Cultura) para enfrentar nova redução de repasses de verbas do governo.
Em vez dos R$ 3,45 milhões mensais inicialmente previstos, o governo do Estado, a partir de fevereiro, baixou o valor do repasse para R$ 2,768 milhões. Esse valor não cobre nem a folha de salários, hoje em torno de R$ 3,3 milhões.
Como consequência imediata da redução de verba pública, a Rede Cultura vai acelerar o processo de enxugamento dos custos. Cada uma das três diretorias (programação, administração e técnica) recebeu metas ideais de corte de gastos -18%, 22% e 32%.
Demissões
Jorge da Cunha Lima, presidente da Fundação Padre Anchieta, afirma que as demissões não serão necessariamente a solução para o corte de gastos.
Segundo ele, cada área foi incumbida de elaborar uma reorganização e pode encontrar outras formas de baixar os gastos.
"Não haverá nenhuma imposição da presidência. Cada área vai procurar os caminhos para reduzir seus custos", afirma.
No ano passado, a Cultura já demitiu cerca de 450 pessoas do quadro inicial de 1.687. Agora, se forem necessárias, as demissões podem atingir parte dos 90 empregados em regime temporário.
Recursos extras
Além dos repasses do governo, a Rede Cultura tem conseguido levantar de R$ 600 a R$ 800 mil por mês com prestação de serviços, segundo Cunha Lima. Isso foi suficiente até agora para pagar salários e manter a TV em funcionamento.
Além disso, estão assegurados mais R$ 5 milhões anuais de verbas de patrocinadores. A meta da Fundação era atingir R$ 15 milhões.
Esses recursos impedem que seja inviabilizado o funcionamento básico da TV, mas são insuficientes para tirá-la da precariedade. Estão acumuladas, por exemplo, dívidas com a Embratel, Eletropaulo e Sabesp.
Diversificação
O presidente da Fundação afirma que a diversificação de atividades da TV é a saída para tornar a TV Cultura menos dependente das verbas públicas e viabilizar seu crescimento.
O contrato com a TVA, por exemplo, dará à Cultura acesso a programas produzidos pela outra rede, em troca de fornecimento de programas e imagens de arquivo da Cultura.
Isso assegura novos itens de programação sem que haja dispêndio de recursos.
Sem grandes repasses diretos dos cofres públicos, a Cultura não desiste no entanto de buscar dinheiro do governo, mas sob a forma de serviços prestados.
Está fechando, por exemplo, contrato para produzir 10 programas da TV Escola, parte do projeto de educação à distância do governo federal.
Outro projeto em negociação é a produção e transmissão de todos os eventos relacionados ao centenário do compositor Carlos Gomes. Nesse caso, como contratada da Secretaria de Estado da Cultura.
Jorge Cunha Lima afirma que está sendo retomada a produção da série "Rá-Tim-Bum", agora ambientanda em uma fazenda. Nesse caso com patrocínio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

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