São Paulo, sábado, 16 de março de 1996
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Mobilização extraordinária

SEBASTIÃO DO REGO BARROS

A diplomacia dispõe de diversos instrumentos para promover os interesses do país no exterior -nossas embaixadas, missões especiais, as viagens do chanceler e outros altos funcionários, missões empresariais e, claro, as viagens presidenciais.
Não são instrumentos excludentes; ao contrário, completam-se no desempenho de uma tarefa cada vez mais complexa, em um mundo cada vez mais competitivo e em uma época em que os países investem pesadamente em todas as formas de promoção dos seus interesses no exterior.
As viagens que o presidente Fernando Henrique Cardoso vem fazendo ao exterior não representam apenas o exercício, pelo Brasil, da diplomacia de chefes de Estado e governo, característica das relações internacionais nas últimas décadas e, tanto no plano das relações bilaterais quanto no da diplomacia multilateral, uma prática hoje comum entre os Estados, para a qual precisamos estar preparados.
Elas traduzem também uma estratégia deliberada de nos valermos do instrumento dos encontros de cúpula, com sua capacidade única de mobilizar meios governamentais, a imprensa e a opinião pública, para promover uma atualização da presença externa brasileira no mundo em função dos desenvolvimentos positivos que o Brasil vem tendo -consolidação da democracia, estabilização com crescimento, abertura competitiva da economia ao exterior, as reformas, o exercício responsável da administração pública.
Em um mundo extremamente competitivo é necessário um engajamento completo, sem nenhuma timidez, na reformulação e fortalecimento das nossas parcerias tradicionais, utilizando-nos de instrumentos que vão além daqueles fornecidos pela diplomacia clássica.
Estamos em certo sentido retornando a um convívio internacional pleno. Estamos recompondo a imagem de um país com credibilidade, de um parceiro confiável, de um interlocutor sério e responsável. Essa tarefa decorre naturalmente do princípio de que é importante para o Brasil assumir, nas suas relações com o resto do mundo, um lugar condizente com as suas dimensões.
O programa de viagens presidenciais obedece as prioridades da política externa do governo. Com grande sentido de equilíbrio, vamos cobrindo o universo das relações exteriores do Brasil em termos de parcerias importantes -na América do Sul, América do Norte, Europa e Ásia, futuramente na África e no Oriente Médio.
Com esse programa os diferentes setores do governo envolvidos nos aspectos que compõem as nossas relações com cada parceiro são induzidos a atuar em função de um objetivo claro: preparar as viagens presidenciais e depois dar-lhes seguimento.
A capacidade de mobilização e de convocação do presidente da República no Brasil é muito grande, e isso vale para o governo e para a sociedade civil. O presidente tem conseguido pôr em destaque a política externa de uma nação que, pela ampla diversidade de seus interesses, não pode permitir-se ficar alheia aos grandes movimentos internacionais.
Nos países visitados, a presença do presidente brasileiro tem sido capaz de concentrar a atenção sobre o Brasil na mídia e nos meios acadêmicos e empresariais -uma atenção que apenas uma visita presidencial é capaz de produzir.
A qualidade do diálogo promovido por essas visitas, a capacidade singular do presidente de transmitir os traços principais da nova realidade brasileira -inclusive quanto à qualidade da sua liderança política-, a facilidade com que interage com autoridades governamentais, parlamentares, acadêmicos e empresários e o empenho com que apresenta ou defende pleitos brasileiros comprovam que, com a diplomacia presidencial, o Brasil não apenas passou a integrar plenamente o numeroso grupo de países que se valem do instrumento com grande proveito, mas está alcançando rapidamente uma posição favorável em sua interação com o mundo.
Se isso não é ne

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