São Paulo, terça-feira, 19 de março de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mosteiro abriga artistas em produção

KATIA CANTON
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE MORRO DA VARGEM (ES)

O artista cearense Luiz Hermano inaugura hoje na Galeria de Arte da Universidade Federal do Espírito Santo inaugura uma exposição de esculturas feitas num mosteiro.
Os trabalhos foram criados durante uma temporada na Estação Cultural Morro da Vargem, centro integrado a um mosteiro zen budista, localizado em Ibiraçu, a 40 km de Vitória, Espírito Santo.
O vernissage narra o resultado de uma experiência inédita no Brasil: a criação de um espaço exclusivo dedicado a artistas em residência.
No projeto, iniciado com Luiz Hermano, artistas trabalhando em várias mídias serão convidados a viver e produzir, durante cerca de três meses, em isolamento, distantes dos ambientes urbanos.
Luiz Hermano viveu em um apartamento-galpão com toques orientais, localizado no alto de um morro, desde o início de janeiro. Produziu oito esculturas utilizando, como matéria-prima, canos de cobre, molas de aço, fitas de cobre, bronze e alumínio.
"Meu trabalho é baseado nas formas orgânicas da natureza. Estar aqui permitiu uma volta profunda à fonte", disse.
O artista conta que o zen budismo também influenciou seu trabalho. "Acordava cedo, às 5h30, fazia minha comida em panelas de barro, com verduras da horta. Esse clima me fez criar uma disciplina de trabalho constante."
Para ele, seu trabalho atual, iniciado com uma exposição na galeria Joel Edelstein, no Rio, em 95, produzido com ligas metálicas que brotam das paredes, é uma tentativa de unir a natureza e o artifício, o velho e o contemporâneo.
Uma das oito obras chama-se "Morro da Vargem". Trata-se da primeira leitura topográfica que o artista fez do local, utilizando fitas de bronze amarradas, onde se revelam montanhas e declives.
Dando nome à mostra, a obra "Coração" é composta de placas de cobre cortados por tramas de canos de metal. "O que vale nessa escultura é o vazado, é o que está no interior desses canos e não a forma externa", explica o artista.
Gerada pelo Mosteiro Zen com patrocínio de instituições e empresas privadas, a Estação Cultural tem agora um conselho de curadores, críticos e artistas que receberá propostas para outras residências.

Texto Anterior: Aleijadinho existiu, dizem especialistas
Próximo Texto: Livro revela as malandragens de Moreira
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.