São Paulo, terça-feira, 19 de março de 1996 |
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Livro revela as malandragens de Moreira
SYLVIA COLOMBO
A Record lança a biografia do sambista Moreira da Silva, 93, de autoria do jornalista baiano Alexandre Augusto Gonçalves. "Moreira da Silva, o Último dos Malandros" é uma biografia romanceada que reúne histórias de vida e discografia. O prefácio é do jornalista Sérgio Cabral. O livro levou dois anos para ser concluído. Começou como trabalho acadêmico e foi ampliado com uma pesquisa de campo. Depois de centenas de entrevistas com o próprio Moreira, foram colhidos cerca de 197 depoimentos e pesquisados os arquivos da Biblioteca Nacional, da Fundação Getúlio Vargas, do MIS, dos grandes jornais do Rio e São Paulo. Moreira fez questão de frisar no livro que o Rio da época era cheio de glamour. "Hoje em dia a malandragem deu lugar à criminalidade", diz Alexandre. Entre as histórias de vida levantadas pelo jornalista estão aquelas que mostram sua ligação com a agiotagem, sexo, prostituição e até mesmo com a política nacional. Quando era motorista da prefeitura do Rio, Moreira trabalhou para o secretário Cícero Marques, durante a gestão de Antônio Prado. Marques, que escreveu um livro sobre o governo de Washington Luís, cita várias vezes as conversas que tinha com "Seu" Moreira, o motorista, que estava ao lado dele no dia em que o governo Washington Luís caiu, durante a rebelião militar de 30 que derrubou o governo do então presidente. "Moreira gosta de dizer que está na história do Brasil por causa deste episódio", diz Alexandre. Em outra história, Moreira conta como perdeu a virgindade com um outro coleguinha de escola. A vida de Moreira e de seus companheiros estava marcada pelo medo das doenças sexualmente transmissíveis. Isso fica claro no episódio sobre sua esterilidade. O sambista conta que pegou uma doença de uma prostituta cearense. Na biografia, o sambista relata: "Peguei a doença de uma cearense gostosa. Pelo menos era gostosa a desgraçada. Pior se fosse feia. Seria demais para mim." Musicalmente, o livro aborda Moreira como o inventor e único filiado ao samba de breque -estilo que intercala gírias e frases debochadas no meio dos versos. "O breque não tem herdeiros, ninguém aprendeu a fazê-lo", diz Alexandre. Texto Anterior: Mosteiro abriga artistas em produção Próximo Texto: Sambista fez filme em Lisboa Índice |
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