São Paulo, terça-feira, 19 de março de 1996 |
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Exposição avalia produção japonesa
CELSO FIORAVANTE
Logo na entrada, o visitante se depara com a banqueta "Butterfly", de 1956, a peça mais conhecida de Sori Yanagi (veja foto nesta página). Apesar de ser muito ligado às tradições de seu país, Yanagi soube assimilar procedimentos industriais e novos materiais. Sua banqueta remete à caligrafia japonesa, mas também valoriza procedimentos industriais, que viabilizam a confecção do objeto. Yanagi foi, por exemplo, um dos primeiros a usar o alumínio. Em 1953, desenvolve uma chaleira para uma companhia local de gás. O objetivo era estimular o uso do gás nas cozinhas japonesas. No ano seguinte, desenvolve uma banqueta empilhável em fibra de vidro. A banqueta demonstra apego às necessidades japonesas -se adequa a pequenos espaços- e abertura ao Ocidente, através do uso pioneiro do material. Em toda a sua produção, Yanagi evita as linhas e ângulos retos, que lhe parecem muito funcionalistas, e prefere a elegância das curvas. Nos anos 60, Riki Watanabe produz uma série de móveis com forte referência tradicional para serem usados em espaços públicos. O banco mostrado nesta página remete aos telhados dos templos shintoistas e não saiu de linha desde a sua criação, em 1960. O banco de Watanabe demonstra ainda influência escandinava no uso de madeira reciclável e nas linhas mais puras. Junto com o design italiano, colorido e cheio de formas nos anos 60, a marcenaria escandinava foi uma das influências do design japonês nos anos 50 e 60. A necessidade japonesa de desenvolvimento de um design próprio veio com o final da Segunda Guerra. O governo local percebeu que o bom design estimularia as vendas e abriria caminhos para a exportação e investiu pesado no setor durante 15 anos, com resultado melhor que o esperado. No final dos anos 50, o mercado internacional era invadido por rádios, televisores e câmeras fotográficas portáteis. A mostra no Beaubourg se divide em setores: tecidos, roupas, embalagens, móveis, objetos de escritório, design industrial, robôs, objetos e design gráfico. Este último é um dos setores em que o Japão mais se desenvolveu, aliando tradições, como a caligrafia, a tipografia e os quadrinhos (mangás) às influências ocidentais da arte Pop, fotografia e colagens. Outra técnica japonesa é tentar iludir o espectador com inteligentes jogos de palavras. Como no cartaz criado em 1955 por Ryuichi Yamashiro (veja foto nesta página). Nele, Yamashiro transmite a idéia de reflorestamento -o objetivo do cartaz- através de apenas duas palavras: árvore, escrita com dois ideogramas, e floresta, escrita com três. O resultado é brilhante. Livro A livraria Roteiro (r. Paulistania, 26, tel. 011/263-7379, Sumaré) acaba de receber a 6ª edição do catálogo "Japan's Trademarks & Logotypes in Full Color" (R$ 124,00), que traz milhares de logotipos e projetos de identidade visual de empresas japonesas. O objetivo inicial da publicação, que seria o de evitar a cópia através da divulgação dos trabalhos japoneses, pode acabar não dando tão certo, já que ele pode ser usado como uma ótima fonte de "inspiração". Texto Anterior: VIRGINDADE Próximo Texto: Sex Pistols anunciam nova turnê e disco Índice |
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