São Paulo, terça-feira, 19 de março de 1996
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CAPITAIS SEM SEGREDOS

Sempre se disse que "o segredo é a alma do negócio". Isso é quase sempre verdade no dia-a-dia das empresas, mas é falso num aspecto fundamental da economia moderna. No mercado de capitais, quanto maior a transparência, maior a confiança dos investidores e, portanto, mais e melhores negócios tornam-se viáveis.
No Brasil, infelizmente, essa verdade ainda é pouco respeitada, num mercado de capitais ainda modesto para as proporções da própria economia. O descaso com balanços, a falta de rigor na fiscalização e o peso do Estado no financiamento do desenvolvimento sempre dificultaram ainda mais o princípio da transparência nas informações sobre negócios.
Aos poucos, entretanto, em especial depois dos últimos escândalos financeiros, essa lamentável tradição talvez comece a ser rompida. É o que pretendem, por exemplo, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), as Bolsas e a Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas).
A proposta é aprimorar o fornecimento e facilitar o acesso a informações sobre as empresas de capital aberto, tornando o mercado cada vez mais transparente e, assim, possivelmente mais sedutor para os exigentes investidores internacionais.
Além de oportuno numa conjuntura de ceticismo internacional frente aos balanços publicados por bancos e empresas brasileiras, esse esforço conjunto é ainda mais urgente diante da tendência crescente a simplesmente transferirem-se para outras praças os investidores locais, como em parte já ocorre com os American Depositary Receipts (ADRs, papéis de empresas brasileiras negociados no mercado de Nova York).
Nos mercados de capitais, quanto mais informação de qualidade estiver disponível, melhor. No caso, não manter segredos é a alma do negócio.

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