São Paulo, terça-feira, 19 de março de 1996
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O PPB e a ética

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O Partido Progressista Brasileiro (PPB) foi Arena, PDS e PPR. Hoje, busca uma identidade.
Quer consolidar uma imagem de partido liberal, ético, preocupado com o país. É difícil. Basta lembrar figuras de expressão pepebistas que foram ligadas aos governos militares -Paulo Maluf, Delfim Netto e Esperidião Amin, para citar apenas três.
Para lutar contra o seu passado, o PPB deve indicar hoje, formalmente, um representante para a CPI dos bancos. Com isso, no parecer dos caciques do partido, estará cumprido um dever ético com a sociedade.
Por trás da indicação do PPB, entretanto, está uma estratégia muito bem arquitetada para não prejudicar o governo, mesmo com a CPI dos bancos.
Uma frase de Epitácio Cafeteira, líder no Senado, revela a manobra.
Ao ser indagado sobre artifícios que impediriam o funcionamento da CPI, mesmo instalada, Cafeteira disse o seguinte para esta coluna: "Aí já não depende de mim".
Depende, então, de quem? É evidente que depende dos senadores de todos os partidos impedir que o governo obstaculize o funcionamento da CPI dos bancos. Mas, para o senador Cafeteira, "essa é outra coisa".
O PPB não quer passar a imagem de estar barganhando com o governo. E só. Mais esperto que os outros, o partido percebeu que pode defender publicamente a CPI dos bancos e ficar de bem com FHC.
É tanta a certeza que Paulo Maluf até pede a prisão de Gustavo Loyola, do BC. "Prenderam o Clarimundo, que recebeu. E o presidente do BC deu. Quem deu é tão criminoso como quem recebeu. A prisão de um obriga à prisão do outro", disse o prefeito.
Maluf sabe que as palavras não ferem tanto o governo como uma CPI dos bancos que funcione.
Com a CPI instalada, o PPB poderá provar que é mesmo um partido ético. O tempo dirá.

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