São Paulo, terça-feira, 19 de março de 1996 |
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Outono em Copacabana
ANTONIO CARLOS DE FARIA Rio de Janeiro - O Rio é hoje um cenário salpicado por vários canteiros de obras iniciadas pelo prefeito César Maia, mas o que mais chama a atenção é o crescimento visual do número de mendigos.Nas praças e ruas renovadas pelo projeto Rio Cidade, velhos e novos indigentes não deixam ninguém ter a ilusão de que a maquiagem urbanística está minorando os problemas estruturais da sociedade. A chamada questão social não é um problema da alçada exclusiva de um prefeito, mas estará presente na definição do eleitor, quando este for escolher seu candidato nas próximas eleições. A maior sensibilidade para os contrastes da pobreza em meio à riqueza vem se desenvolvendo como parte do processo de amadurecimento político e social do país. Com o controle da inflação, o principal item de reivindicação dos anos anteriores, o cidadão ampliou seu foco de exigência. Além disso, a perspectiva do desemprego, cada vez mais próxima de todos, coloca a miséria como horizonte possível e assustador. O verão acabou e chegou a época de as folhas secas se espalharem pelo chão, mas quem passa pela avenida Atlântica tem outra idéia do outono. Depois de três meses, foi finalmente desarmada a arena olímpica montada na praia de Copacabana. No lugar das estruturas metálicas, só montes de lixo e detritos ficaram na areia. Um dos objetivos da arena era o de promover a imagem do Rio como possível sede para a Olimpíada de 2004. O cenário de sujeira da praia mais conhecida do país certamente não ajuda a alcançar essa meta. Por outro lado, a própria construção da arena é algo a se questionar. A concentração de atrações na zona sul do Rio chega a ser ofensiva para as demais áreas da cidade, carentes de lazer e sempre relegadas a segundo plano. Texto Anterior: O PPB e a ética Próximo Texto: De quem reclamar? Índice |
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