São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996
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Maluf deveria ser preso, diz BC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL

No início da noite de ontem, o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, atacou o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPB).
"Ele é que deveria ser preso, e não eu", disse Loyola, que afirmou não considerar as críticas feitas por Maluf como uma pressão.
Na última sexta-feira, Maluf afirmou que, por ele, "esse presidente do Banco Central já estaria no olho da rua".
Anteontem, o pepebista voltou a atacar Loyola, afirmando que ele deveria ser demitido por administrar o BC de "maneira duvidosa" e punido por sua ação no episódio do Banco Nacional.
Ontem, Maluf voltou a carga. "O senhor Loyola deveria estar na cadeia", afirmou o prefeito ao comentar seu apoio à instalação da CPI dos Bancos.
Lugar na história
O presidente do Banco Central, apesar de ter decidido revidar os ataques malufistas, posteriormente amenizou o tom de suas declarações.
"Não dou a mínima importância ao que ele diz, é uma figura que já tem o seu lugar na história", disse.
Ainda minimizando as críticas do prefeito do PPB, Loyola disse que "não cabe a ele fazer sugestões ao presidente" sobre substituições no Banco Central.
"O presidente pode me substituir na hora que quiser", afirmou Gustavo Loyola.
O presidente do Banco Central foi lacônico ao comentar a perspectiva de instalação da CPI dos Bancos.
"Não tenho nada a esconder, mas já disse que a CPI não é a maneira correta de lidar com esse problema", afirmou.
'Partido ético'
Ontem, Maluf fez o discurso da independência em relação ao governo ao anunciar que combinara com a cúpula do partido a indicação do senador Esperidião Amin (SC) para a CPI dos Bancos, que deve ser instalada hoje.
"O PPB é um partido ético", disse o prefeito. Ele lembrou que a bancada pepebista votara com o governo em questões como as quebras dos monopólios estatais do petróleo e das telecomunicações, mas que a atuação do Banco Central no episódio Nacional merece apuração.
Assunto jurídico
Maluf, no entanto, insinuou que a CPI dos Bancos pode não ir longe na apuração.
"Nós cumprimos a nossa parte", ressalvou, para logo depois afirmar que eventualmente o plenário do Senado Federal pode tomar outra decisão.
"Aí é um assunto jurídico a ser debatido", declarou.

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