São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996
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Dissidência do PMDB ameaça a reforma

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PMDB na Câmara, Michel Temer (SP), relator da reforma da Previdência, foi aconselhado pelos seus vice-líderes a não colocar o seu parecer em votação amanhã.
Na avaliação desses peemedebistas a oposição à mudança no regime previdenciário teria aumentado no partido.
Os deputados que articulam a derrubada do projeto apoiado pelo governo já teriam conseguido 50 adesões.
Na votação da proposta do deputado Euler Ribeiro (PMDB-AM), houve 40 dissidentes no PMDB, que acabaram contribuindo para a derrubada do texto.
O deputado Laire Rosado (PMDB-RN) é um dos peemedebistas que, na primeira votação, votaram com o governo e que agora vão mudar o voto.
"O projeto do líder é pior do que o outro. E não foi discutido, foi imposto", argumentou Rosado.
Temer estaria contando com a virada de votos na bancada da Paraíba, na qual cinco dos sete deputados do partido ficaram contra o governo na primeira votação.
O líder-relator conversou com o coordenador da bancada paraibana do PMDB, Cássio Cunha Lima, no fim-de-semana, por telefone.
Ontem, Cunha Lima disse que o desejo da bancada é o de prestigiar o líder. Mas acrescentou: "Só não abrimos mão da aposentadoria por tempo de serviço. No sistema feudal do Nordeste, ninguém conseguiria se aposentar por tempo de contribuição".
Os dissidentes do PMDB -sob o comando do presidente nacional do partido, Paes de Andrade- contam com a Convenção Nacional, no próximo domingo, para fechar questão contra a reforma constitucional da Previdência.
Por isso, trabalham para adiar a votação do projeto de Temer para a próxima semana.
Os líderes governistas querem votar a proposta do relator amanhã para evitar qualquer possibilidade de os dissidentes peemedebistas conseguirem êxito em sua manobra para tentar impor nova derrota ao Palácio do Planalto.
Já o líder do PPB na Câmara, Odelmo Leão (MG), argumenta que não adianta votar amanhã para fugir da convenção.
"Se o PMDB fechar questão, a sua bancada terá de mudar o voto no segundo turno", disse.
O presidente do PMDB, Paes de Andrade, afirma que a convenção de seu partido deverá aprovar a aposentadoria por tempo de serviço e não por tempo de contribuição, um dos pilares das mudanças desejadas pelo governo.
"O pessoal do interior está magoado. Eles têm problemas com o PFL e o PSDB nas bases."

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