São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996
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PPB procura evitar desgaste

GABRIELA WOLTHERS
DENISE MADUEÑO

GABRIELA WOLTHERS; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PPB negociou com o governo um ministério, a ser definido, mas iniciou ontem uma ofensiva para tentar impedir que o partido fique com a imagem de que negocia apoio em troca de cargos: indicou seu representante na CPI dos Bancos e tenta adiar a votação da reforma da Previdência.
Apesar de ter indicado o senador Esperidião Amin (SC) para integrar a CPI, o partido deixou a porta aberta para a saída jurídica alinhavada pelo governo.
"Quando for levantada a questão da constitucionalidade da CPI, vamos examinar", disse o líder do PPB no Senado, Epitácio Cafeteira (MA). "Se não indicássemos os membros da CPI, acabava-se hoje mesmo com o partido", afirmou.
Com relação à reforma da Previdência, o partido decidiu tentar levar a discussão para a "questão técnica", evitando discursos políticos de descontentamento com a falta de espaço no governo.
O PPB gostaria que as negociações com FHC para obter o ministério fossem feitas em sigilo e não "vazassem" para a imprensa.
Os pepebistas temem um desgaste político caso fique caracterizado junto à opinião pública a troca de cargos por apoio ao governo.
FHC se reuniu anteontem à noite com Amin, Cafeteira e o líder do partido na Câmara, Odelmo Leão (MG). Na ocasião, reafirmou o compromisso de dar um ministério ao partido.
O presidente também aproveitou a reunião com líderes governistas ontem de manhã para frisar que o PPB "merece consideração" do Palácio do Planalto.
"O que querem, acabar com o meu partido?", reagiu Cafeteira. "A questão não é dar ministério, é dar valor ao partido", disse Amin.
"Se o presidente escolher um dos nossos para ser ministro, é sorte do presidente. Nós temos os melhores quadros", disse o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf.
Ontem à noite, FHC se reuniria com a bancada pepebista e com o ministro da Previdência, Reinhold Stephanes, e o relator da emenda da reforma, Michel Temer.
A presença dos dois é uma forma de justificar a possível adesão dos dissidentes do partido na próxima votação da Previdência.
O PPB também defende o adiamento da votação da Previdência. A avaliação é que o desgaste seria inevitável caso decidisse votar a favor do governo logo após as reuniões com FHC.

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