São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996
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"Sem reformas, é a volta ao passado"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, em pronunciamento à nação, que as reformas são "a aposta no futuro". Ele disse confiar em que o Congresso "saberá escolher o caminho das reformas".
Sem as reformas, disse FHC, "é a volta ao passado que nós já conhecemos: de instabilidade, de clientelismo, de corporações privilegiadas e de inflação galopante".
O presidente afirmou que propõe reformas "em sintonia com o desejo de mudança do povo brasileiro" e se empenha nelas desde o período de campanha: "Agora, eu quero cumprir minha promessa".
Em tom conciliador, FHC afirmou que vem negociando "democraticamente com o Congresso, com os partidos, com os sindicatos, com a sociedade brasileira".
No princípio da noite, o porta-voz Sergio Amaral já havia dito que o presidente não acredita que qualquer instabilidade do Plano Real possa ameaçar a democracia.
Aposentados
Na defesa das reformas -especialmente a da Previdência- FHC declarou que elas são necessárias para "corrigir injustiças e eliminar privilégios".
Num recado direto aos aposentados, FHC disse que os direitos adquiridos serão respeitados integralmente.
Ele argumentou que não é justo todos pagarem pelos privilégios de alguns.
O sétimo pronunciamento de FHC à nação foi ao ar ontem à noite pela TV e deveria ser repetido hoje pelo rádio. A fala, de dez minutos, foi gravada ontem à tarde.
FHC disse que a política de seu governo "beneficia os pobres e não os ricos". O presidente fez um balanço de suas viagens ao exterior e disse que viu "consequências positivas" do fim da inflação.
"Banqueiro falido"
Sem citar a CPI dos Bancos, FHC referiu-se à tentativa de sua instalação, dizendo que em seu governo "não há escândalos a encobrir nem pessoas a proteger".
O presidente afirmou que as fraudes de que tanto se fala foram apuradas em seu governo, pelo Banco Central.
Disse ainda que, por isso, "se sente à vontade para falar ao país e explicar seus atos".
FHC abordou ainda as medidas que tomou para "fortalecer o sistema financeiro": o seguro de depósito e o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro).
"Algumas pessoas, mal-informadas, outras de má-fé, dizem que essas medidas beneficiam os banqueiros. (...) Os recursos não são dados para salvar banqueiro falido, como alguns dizem. São empréstimos que pagam juros e só são concedidos contra garantias reais", afirmou FHC.

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