São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996
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Brasil retoma investimento nuclear

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL A IPERÓ

O programa nuclear brasileiro vai sair do fundo do poço. O secretário de Assuntos Estratégicos, embaixador Ronaldo Sardenberg, anunciou ontem a retomada de investimentos em vários setores.
Os planos incluem maior integração do programa nuclear da Marinha com as Indústrias Nucleares Brasileiras.
Sardenberg e o ministro da Marinha, almirante-de-esquadra Mauro César Rodrigues Pereira, abriram ontem simpósio sobre o tema no Centro Experimental Aramar, em Iperó (125 km a oeste de São Paulo).
Em Aramar, está em fase final de construção o primeiro módulo de uma unidade industrial de ultracentrífugas para enriquecimento de urânio, o combustível dos reatores nucleares.
Sardenberg revelou que 12 mil ultracentrífugas da Marinha deverão ser instaladas em Resende (RJ). Atender ao mercado nacional de combustível nuclear é uma das prioridades.
Modesto
O setor nuclear tem hoje objetivos mais modestos do que os do ambicioso acordo com a Alemanha, que previa a instalação de oito usinas nucleares.
A usina de Angra 2 deverá ser terminada por volta do ano 2.000. Depois dela, a construção de novas "vai depender da demanda", afirma Sardenberg.
A secretaria está acompanhando o aumento da demanda de energia elétrica ocorrido após o Plano Real. O fundo do poço do programa nuclear brasileiro foi atingido em 1992.
O orçamento da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) caíra de US$ 46,4 milhões em 1990 para US$ 12,9 milhões em 92. No ano passado, retornou ao patamar de 92. Para 1996, o orçamento previsto é de US$ 54,7 milhões.
Em 1995, pela primeira vez em 13 anos, a CNEN abriu concurso para contratar pessoal.
Submarino
A Marinha também freou o projeto de construção de um submarino nuclear.
Segundo o ministro Mauro César, foram investidos cerca de US$ 700 milhões no projeto. Para terminá-lo faltam entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões. O próprio submarino ainda demandaria mais US$ 1 bilhão.
Com investimentos anuais de de US$ 50 milhões, a conclusão do projeto até 2010, prazo inicial, se torna inviável. "Talvez o meu tataraneto veja o submarino nuclear", disse o ministro.

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