São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996
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Prefeito do PT amplia investimentos

Genro narra a empresários experiência administrativativa

ANA MARIA MANDIM
DA REPORTAGEM LOCAL

A experiência do orçamento participativo permitiu a Porto Alegre aumentar de 3,2% (em 89) para 17% (em 95) o volume de investimentos do município em relação a seus gastos totais.
A informação foi dada ontem pelo prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro (PT), em debate na Cives (Associação Brasileira dos Empresários pela Cidadania), entidade ligada ao PT.
"O orçamento participativo é a combinação da democracia representativa com o processo de democracia direta, de participação voluntária", definiu Genro.
"As demandas da sociedade tornaram-se tão diversificadas e complexas, que é preciso criar espaços públicos não-estatais de decisão. As eleições de quatro em quatro anos são insuficientes para responder às demandas da comunidade", afirmou Genro.
Genro disse que o orçamento participativo "destrói" a relação clientelista com os eleitores, em que os vereadores são "meros despachantes de pequenas obras".
Plenárias
O orçamento do município é debatido em plenárias realizadas em cada uma das 16 regiões em que foi dividida a cidade de Porto Alegre.
As plenárias, abertas a cidadãos a entidades, elegem delegados (conselheiros), discutem obras e ações, fixam prioridades e votam.
O resultado é entregue à Câmara pelo prefeito e a negociação pode prosseguir.
Em geral, segundo Genro, os vereadores respeitam as decisões porque elas representam o consenso da comunidade.
"Para que esse processo funcione, o Executivo tem que abrir mão de parte de seu poder", afirmou o prefeito.
"O que passa a vigorar é um contrato político, informal, entre o governo e a sociedade."
A prefeitura participa das plenárias, apresentando propostas e objeções. "Nossas idéias podem ser rejeitadas", diz Genro.
Nos mesmos moldes do orçamento participativo, funciona a discussão do plano diretor da cidade. Um congresso, chamado Cidade Constituinte, define a ações consideradas estratégicas para o município.
"Cosmética"
O prefeito de Porto Alegre afirma que a reforma administrativa que o governo federal quer aprovar é "cosmética".
Para ele, a questão fundamental está na relação entre Estado e sociedade.
"O Estado tem de ser transparente e ter com a sociedade uma relação permanente de troca."

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