São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996
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A capitalização do BB

LUÍS NASSIF

Hoje o governo anuncia oficialmente o plano de capitalização do Banco do Brasil.
Mais uma vez, tapa-se o buraco com recursos públicos e pouco se aproveita da oportunidade para medidas mais efetivas, que ponham o banco a salvo de futuros governos.
De início, a operação de salvamento recorria exclusivamente a recursos do Tesouro. Depois de intensas negociações, chegou-se ao seguinte mix, visando suprir o BB de recursos da ordem de US$ 8 bilhões a US$ 9 bilhões:
1) O Tesouro bancará cerca de um terço das necessidades de capitalização do banco. O valor entra na conta de déficit público.
2) Outro terço será coberto com ações de estatais, financiadas pelo BNDESpar.
3) Fundos de pensão estatais serão convocados a aportar por volta de US$ 2 bilhões.
4) O Tesouro comprará MYFDAS (títulos da dívida externa) do BB pelo valor de face, permitindo a internalização dos recursos.
Simultaneamente, pretende-se anunciar medidas de profissionalização do banco, reduzindo os graus de interferência política.
Mas tudo muito longe do projeto de reestruturação patrimonial divulgado pela coluna -de autoria de um economista do BB-, que permitiria transformá-lo em uma sociedade anônima, controlada pelo BNDES e por fundos de pensão, atuando como agente financeiro de uma verdadeira política industrial.
Pequenos
Ontem, o secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros, e o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, desenharam as linhas básicas do projeto de reestruturação das dívidas de pequenos e microempresários junto ao sistema financeiro.
O documento definitivo será completado apenas no final da semana. Em linhas gerais, permitirá renegociação de dívidas até R$ 80 mil, com facilidades maiores do que a última sugestão apresentada.
Os bancos poderão sacar recursos do compulsório para a renegociação. Antes, quem renegociasse não podia pedir novas linhas de empréstimo. Agora, vai poder.
Além disso, haverá a permissão para a renegociação de cheques empresariais, mesmo antes do vencimento.
Os prazos de renegociação aumentam de 12 para 24 meses, a taxas de 12% mais TR. Cada banco poderá usar até 10% do que teria de recolher ao compulsório.
O secretário atribuiu as medidas a alertas da coluna.
Light
A venda da Light será adiada por mais 30 dias, até o BNDES chegar a conclusão sobre preço e necessidades de financiamento.
Biondi
Devido à necessidade de divulgar as notícias acima, a coluna deixa para amanhã resposta ao artigo de Aloysio Biondi "Mentiras de pernas curtas".

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