São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996
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"A Flauta Mágica" ganha versão de bolso

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Sesc Ipiranga volta a montar um clássico de repertório lírico no formato "pocket opera". Será desta vez "A Flauta Mágica", de Wolfgant Amadeus Mozart (1756-1791), com a direção cênica de Hugo Possolo e a musical de Abel Rocha.
O espetáculo estréia nesta quinta-feira e terá no domingo sua quarta e última récita. Serão dez cantores e um conjunto de seis instrumentistas em lugar da tradicional orquestra.
Possolo é um dos animadores do grupo Parlapatões, Patifes & Paspalhões, que procura popularizar a linguagem circense e dos saltimbancos, com razoável sucesso junto ao público infantil.
O paradoxo de sua versão de "A Flauta" não é dos menores: conciliar o predomínio cênico de malabaristas e pirógrafos com uma ópera que passou para a história como um elogio destilado à razão.
"Estruturalmente, mantivemos todos os elementos do libreto, mas tomamos algumas liberdades", diz ele. Em sua leitura, houve a superação da dicotomia entre a Rainha da Noite (Adelia Issa) e o sábio Sarastro (Eduardo Abumrad).
O libretista Emanuel Schikaneder fez com que, em seu decurso, a ópera libertasse Tamino (Sérgio Weintraub) e Pamina (Rosana Lamosa) do universo dos sentimentos para fazê-los chegar a uma fraternidade superior.
A primeira montagem de "Die Zauberflte", em 30 de setembro de 1791, em Viena, camuflou ao máximo as remissivas à maçonaria que o texto e a música traziam.
Já no século 19, no entanto, a derrota da Rainha da Noite por Sarastro tomou justamente a forma de um ritual iniciático maçônico.
Hugo Possolo radicaliza. Ele ignora a maçonaria e promove a reaproximação da rainha com o mago para que ambos assumam a maternidade e a paternidade de Pamina.

Ópera: "A Flauta Mágica", de Mozart
Onde: Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor, 822, tel. 011/273-1633)
Quando: dias 21, 23 e 26 às 21h, e 24 às 20h
Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (comerciários)

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