São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 1996 |
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Cargos contra a CPI
FERNANDO RODRIGUES Brasília - Se Brasília fosse um motor de automóvel, ontem as engrenagens estariam quase explodindo. A rotação era máxima.O governo, entretanto, operou bem e está tranquilo. Começou dentro do Palácio do Planalto a distribuição de cargos, tão comum em governos anteriores e hoje criticada por FHC. A idéia é dar cargos para neutralizar a CPI dos bancos. É esse o caso do novo diretor do Departamento Nacional da Produção Mineral, Miguel Navarrete, que tomou posse ontem. Foi indicação do senador Iris Rezende (PMDB-GO). Rezende é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Será o responsável pelo encaminhamento de um parecer sobre a constitucionalidade da CPI dos bancos. O governo espera reciprocidade. Quer uma "mãozinha", como se diz entre amigos. A CCJ tem 48 horas para analisar se a CPI dos bancos pode ou não existir. Nesse tempo, partidos de oposição tentarão estender o prazo. Vão pedir vistas do processo. A estratégia da oposição é nomear um presidente e um relator para a CPI numa reunião às 18h de hoje. Enquanto for possível, os adversários de FHC pretendem criar fatos que tornem a investigação irreversível. Caberá a Rezende conceder -ou não- tempo para a oposição agir. Dentro da CCJ, o governo tem maioria. A comissão tem 23 integrantes. Um deles, Rezende, por ser presidente, não deve votar. Sobram 22 senadores. Desses, o governo conta com o voto garantido de, pelo menos, 12. Na quinta-feira, a CCJ emitirá um parecer que deverá ser encaminhado ao plenário do Senado. E, no plenário do Senado, será uma lavada para o governo. Pelo menos, é isso que FHC e seus operadores esperam com base nos agrados que têm feitos aos aliados. A CPI dos bancos servirá, pelo menos, para mostrar como realmente atua o governo FHC. Texto Anterior: Epitáfio para o sonho Próximo Texto: Haja paz Índice |
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