São Paulo, quinta-feira, 21 de março de 1996
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Governo procura se antecipar a prejuízo semestral

ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao determinar um aporte de R$ 8 bilhões no Banco do Brasil, o governo tem o objetivo de se antecipar a um inevitável prejuízo de até R$ 6,5 bilhões, que deverá ser registrado no primeiro semestre deste ano.
Nos dois primeiros meses de 1996, o BB já acumula resultado deficitário de R$ 985 milhões, dos quais R$ 515 milhões em janeiro e R$ 470 milhões em fevereiro.
Prejuízo
Esse prejuízo tende a crescer até o meio do ano, devido a três fatores: os novos critérios para provisão de recursos referentes a créditos duvidosos, o registro de novo volume de inadimplência e as perdas em investimentos externos.
As estimativas realizadas pelos técnicos do Banco do Brasil apontam para uma inadimplência de R$ 3,7 bilhões no primeiro semestre deste ano.
Outro R$ 1,3 bilhão deve entrar no vermelho devido à mudança dos critérios adotados pelo banco para a provisão de créditos duvidosos.
Prazo
Hoje, o Banco do Brasil considera duvidoso o crédito não recebido em 360 dias. O prazo será reduzido a 60 dias, tornando-se idêntico ao usado pelos grandes bancos privados.
Também deverá ser registrado prejuízo de R$ 1,5 bilhão, referente à perda de valor dos ativos externos do Banco do Brasil, em virtude da desvalorização do dólar provocada pelo Plano Real.
O Banco do Brasil considera R$ 6,5 bilhões como teto para os prejuízos neste semestre e se desdobra para reduzi-los nos próximos meses. Para tanto, recebeu apoio do governo federal na repactuação de dívidas.
Dívidas
Uma MP (medida provisória), com edição prevista para hoje, reconhece R$ 2,2 bilhões em débitos da União junto ao Banco do Brasil.
São prejuízos assumidos pelo Banco do Brasil em negócios de interesse da União, que deverão ser pagos com títulos do Tesouro.
É o caso caso da compra de títulos do governo polonês -as "polonetas"-, feita pelo BB a pedido da União, que geraram prejuízo de USŸ 300 milhões. E também do prejuízo assumido pelo BB no Projeto Jari, de R$ 60 milhões.
O BB também passou a ter ativos mais favoráveis, que podem ter retorno maior, com o acordo sobre títulos da dívida externa, num total de R$ 1,439 bilhão, que foram trocados por NTNs (Notas do Tesouro Nacional).
Estatais
O Banco do Brasil deverá, ainda, usar os R$ 2,88 bilhões em ações de estatais, que serão adquiridas do Tesouro a título de aporte de capital, como garantia para captação de recursos externos.
Também devem ser transferidos para o Brasil ativos que encontram-se no exterior -e recebem juros menores do que no mercado interno.

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