São Paulo, quinta-feira, 21 de março de 1996
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Indefinição tira general do governo

Fernando Cardoso já avisou FHC

RUI NOGUEIRA; WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O general Fernando Cardoso, subsecretário de Inteligência, deve deixar o governo nos próximos dias. A decisão já foi comunicada ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
Motivo: o general cansou de esperar a definição do governo sobre como deve ser a Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Há mais de um ano o general Fernando Cardoso discute o assunto com o secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge, encarregado da implantação da Abin.
Eduardo Jorge disse à Folha, em novembro do ano passado, que "o governo não quer espionagem".
Ele defende que a Abin seja um órgão bem diferente do que foi, na organização e nos métodos, o antigo SNI (Serviço Nacional de Informações), extinto em 90, no governo Fernando Collor (1990-1992).
O general Fernando Cardoso não defende que a Abin seja como o SNI, mas não quer que a agência perca funções investigativas.
A posição do general é apoiada pelos ministros militares. Ele foi membro do SNI e chefiou o Centro de Inteligência do Exército.
Na ótica militar, um bom serviço de inteligência teria livrado -ou ao menos amenizado- o governo de crises em casos como o grampo no telefone do ex-chefe do cerimonial do Planalto Júlio César Gomes dos Santos, em novembro, e a greve dos petroleiros em maio de 1995.
Dívida
Reunião hoje com os 15 generais do Alto Comando, liderados pelo ministro Zenildo de Lucena, vai tentar definir uma solução para dívidas do Exército com fornecedores, que chegam a R$ 120 milhões.
O problema deve ser levado a FHC, pois o Tesouro já autorizou o crédito para as despesas, mas não libera o dinheiro. A reunião também definirá seis promoções -uma para general-de-divisão e cinco para general-de-brigada.
(RUI NOGUEIRA e WILLIAM FRANÇA)

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