São Paulo, quinta-feira, 21 de março de 1996
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Argentina lembra 20 anos de golpe militar

Mães da Praça de Maio fazem ato

DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

Protestos públicos de organizações de direitos humanos argentinas marcam hoje o início das comemorações dos 20 anos do golpe militar que derrubou a presidente Isabelita Perón, em 1976.
Até domingo a Associação Mães da Praça de Maio levará seus integrantes para uma vigília permanente diante da Casa Rosada.
A presidente da associação, Hebe de Bonafini, trará consigo uma lista ampliada com 1.351 nomes de pessoas que agiram como repressoras no período militar.
"O sangue dos desaparecidos será vingado no dia em que nosso povo for feliz", diz o slogan preparado pelas Mães.
A Câmara dos Vereadores de Buenos Aires deverá decidir hoje a instalação de monólitos que identifiquem os prédios onde funcionavam os centros clandestinos de detenção e tortura.
Estão programados ainda atos públicos organizados pela União de Empregados da Justiça, pelo Conselho Superior da Universidade de Buenos Aires e pela central sindical MTA (Movimento dos Trabalhadores Argentinos).
A primeira Junta Militar, que organizou o golpe em 1976, foi chefiada pelo general Jorge Videla e desencadeou a repressão sistemática contra os opositores.
Até dezembro de 1983 -quando foi eleito o presidente civil Raúl Alfonsín- cerca de 30 mil argentinos foram sequestrados pelas forças de segurança e desapareceram.
Os governos militares também foram responsáveis pela ocupação e Guerra das Malvinas. No conflito, 634 argentinos morreram e 1.990 ficaram feridos.
Condenados em 1984 e 85 por violação de direitos humanos e pela guerra, os chefes das Juntas Militares acabaram indultados pelo presidente Carlos Menem em 1990.
Os oficiais que ordenaram torturas, sequestros e execuções foram beneficiados pelas leis de obediência devida e do ponto final, propostas por Alfonsín e aprovadas pelo Congresso Nacional em 1988. Todos estão em liberdade.

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