São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
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Líderes do PSDB trocam euforia por alívio

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez a cúpula tucana trocou a euforia pelo alívio após uma vitória no Congresso. A dificuldade para aprovar a reforma da Previdência detonou uma série de cobranças internas.
A opinião crescente entre as lideranças do PSDB é que, se nada for feito nos próximos 15 ou 30 dias, o preço da aprovação da reforma administrativa será ainda mais caro do que foi o da Previdência.
Caciques do partido avaliam que, para o PSDB, tão ou mais grave é a necessidade de retomar o controle das ações políticas do governo no Congresso, antes que o PFL ocupe de vez esse vácuo.
Para os tucanos próximos a FHC, nas votações da Previdência e da CPI dos Bancos, os congressistas tiveram a certeza de que, pressionado, o governo cede. E agora devem trilhar o mesmo caminho em todas as votações importantes.
Uma das imagens usadas em Brasília para definir o momento político do governo é a do pugilista que tem um forte soco, capaz de nocautear qualquer adversário. Mas que descobriu ter também queixo-de-vidro. É como se o governo tivesse se metamorfoseado de Mike Tyson em Maguila.
Exageros à parte, os tucanos enfrentam outro problema para se contrapor ao PFL na articulação do governo no Congresso: a falta de nomes. Primeira opção, Sérgio Motta saiu desgastado ao dizer que a democracia corria risco se a reforma não fosse aprovada.
Outro ministro forte, José Serra não ocupou o espaço que o Planalto esperava que ocupasse.
O ministro Paulo Renato ganhou pontos ao ajudar o presidente a reverter alguns votos na Câmara. Mas Fernando Henrique considera a pasta da Educação estratégica e não quer iniciar uma briga entre partidos por ela.
Outros membros do governo também aumentaram sua cotação. O chefe de gabinete do Ministério da Justiça, José Gregori, desempenhou papel fundamental para barrar a CPI dos Bancos.
Amigo antigo de FHC, foi quem descobriu o parecer do ex-ministro Saulo Ramos usado pelo governo para colocar um obstáculo jurídico à comissão de inquérito articulada por José Sarney.
O líder do PMDB, Michel Temer, virou credor do governo, ao aceitar a relatoria da emenda da Previdência. Pode virar ministro da Justiça, mas só em 97, se Jobim for para o STF. (JRT)

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