São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
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Pouco capital permite controle

DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de capitais tem problemas estruturais que explicam sua fragilidade, afirma Sérgio Santamaria, do Banco de Boston.
No Brasil, quando uma empresa abre o capital lança um terço de ações ordinárias (que dão direito a voto) e dois terços de preferenciais (que não dão). Logo, com relativamente pouco capital (aproximadamente 17% do total) é possível controlar a companhia.
"O controle é monolítico, e não pulverizado, e não passa pelas Bolsas", diz Santamaria.
As Bolsas negociam especialmente ações preferenciais e poucas ordinárias sempre representam lotes minoritários, o que, segundo ele, leva a outros problemas.
O primeiro é que não existe tanta diferença de preço entre os dois tipos de ação -já que o controle da companhia nunca passa efetivamente pelo mercado.
Nos EUA, as preferenciais asseguram um rendimento mínimo -"funcionam quase como um papel de renda fixa (juros)."
O segundo é que, como o dividendo pago pelas empresas fica, na média, em 2% ao ano, as ações só exercem um poder de atração nos investidores prometendo ganhos expressivos de capital (pela variação dos preços dos papéis).
Roberto Faldini, da Abrasca, discorda. Para ele, a mudança na qualidade das ações só serviria para fabricar uma "indústria do 'take-over' (comprar nas Bolsas o controle da empresa)" no Brasil.
Diz ainda que o argumento de que os estrangeiros -mais atuantes nos últimos quatro anos- não se adaptariam à negociação de preferenciais caiu por terra com o lançamento dos ADRs (recibos de depósitos), "que estão indo muito bem e todos são preferenciais."

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